Vizinha diz que creche onde bebê morreu recebia até 100 crianças

Após ser interditada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), a Creche da Tia Cleidinha, em Planaltina, amanheceu fechada nesta sexta-feira (22/10). Até a quinta (21), o espaço seguia em funcionamento, mesmo após a morte da bebê Amariah Noleto, 6 meses, no dia anterior.
A tragédia assustou a vizinhança. De acordo com a representante comercial Edileuza Lopes Souza, 44 anos, a creche funcionava havia 2 anos no espaço. “Todo dia, era a mesma rotina: as crianças entravam e ficavam o dia todo. Observei que é muita criança, na faixa de umas 80 a 100 por dia”, contou. “O movimento começa às 6h e, às vezes, encerrava às 20h”, detalhou uma moradora, que não quis se identificar.
A creche fica na Vila Buritis, em PlanaltinaHugo Barreto/Metrópoles

Investigador classificou a creche como “depósito de crianças”Hugo Barreto/Metrópoles

Creche da Tia Cleidinha, em Planaltina, amanheceu fechada nesta sexta-feira (22/10)Hugo Barreto/Metrópoles
A bebe de 6 meses morreu na quarta-feira Hugo Barreto/Metrópoles
A creche fica na Vila Buritis, em PlanaltinaHugo Barreto/Metrópoles
Investigador classificou a creche como “depósito de crianças”Hugo Barreto/Metrópoles1
“Pegou todos de surpresa. Quando vi a notícia, não acreditei que fosse aqui”, disse a vizinha.
Outra moradora também confirmou a grande movimentação de crianças no local. “Já havia alertado para ela [dona da creche] que era uma casa pequena para muita criança”, contou.
Os relatos da vizinhança reforçam a avaliação de um policial civil que atuou nas diligências da investigação da causa da morte de Amariah. Ao Metrópoles, ele classificou a creche em que a bebê estava como “depósito de crianças”. Segundo os agentes, o local é insalubre para o cuidado de pessoas tão novas.
Clandestina
Segundo testemunhas, a Creche da Tia Cleidinha, localizada na Vila Buritis, abrigava cerca de 40 crianças, mas tinha apenas um berço para todas elas. O leito dos pequenos era dividido por lençóis, para que mais de uma criança conseguisse dormir ao mesmo tempo.conteudo patrocinado
Os bebês eram colocados em sacos de dormir sem aberturas, que impediam a movimentação dos braços e o quarto era trancado. “Uma sala de 13 metros com mais de 30 crianças, vários dormindo no chão, em bebê-conforto, tudo muito insalubre”, descreveu o agente ao Metrópoles. O estabelecimento cobrava dos pais R$ 300 por mês para que os pequenos ficassem lá em tempo integral.
Ainda segundo as testemunhas, Amariah foi encontrada de bruços dentro do berço. “Tudo indica que a criança virou de bruços e o pano caiu sobre o rosto dela. Ela ficou no saco sem poder se mexer, passou mal e não recebeu nenhum atendimento”, destacou o investigador.
Ainda de acordo com os agentes, os médicos que atenderam o bebê no Hospital Regional de Planaltina (HRP) contaram que a criança chegou à unidade de saúde com palidez acentuada. Como o hospital da região não fica distante de onde funciona a creche, os investigadores acreditam que as cuidadoras demoraram a ver que Amariah passava mal.
Os policiais aguardam o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para determinar a causa da morte. A previsão é que o resultado saia nesta sexta-feira. A 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), que investiga o caso, autuou uma funcionária, identificada como Marina Pereira da Costa, por omissão de vigília e cuidado. A acusada vai passar por audiência de custódia nesta sexta.
Questionado se a creche funcionava de forma regular, o Governo do Distrito Federal (GDF) informou que a instituição não é cadastrada junto à Secretaria de Educação.
