Brasileiros que moram há anos no Paraguai são expulsos das terras

Agricultores brasileiros que vivem no Paraguai alegam que o governo não está reconhecendo os títulos de propriedade. Sete famílias já tiveram que deixar as terras, que serão usadas pra assentar agricultores paraguaios.

terra

Um casal é expulso das terras, mas segundo eles, policiais paraguaios não apresentaram nenhuma ordem de despejo. Adan Avaci e a mulher Dulce Novak são de famílias brasileiras que migraram para o Paraguai há 30 anos. Eles têm documentos que comprovam a compra de 18 hectares e dizem que pagaram ao Instituto da Terra Paraguaio para regularizar a documentação.

Como eles, pelo menos outras 100 famílias dos chamados brasiguaios compraram terras na colônia Santa Luzia, a 50 quilômetros da fronteira com o Brasil. Os antigos donos eram paraguaios assentados pelo governo do país vizinho.

A confusão começou no início deste ano. Equipes do Instituto da Terra do Paraguai foram fazer medições no local e lotearam parte da área. Em seguida, policiais e soldados do Exército paraguaio foram garantir a transferência de cerca de 500 famílias de sem terra que estão em um acampamento a 200 quilômetros em direção ao sul do Paraguai, em Ñacunday.

Os brasiguaios estão indignados porque têm documentos. O agricultor Fábio Setti diz que pagou R$ 30 mil ao Instituto da Terra Paraguaio para regularizar a documentação. “Eu tenho o título, eu mereço porque comprei, paguei, não roubei nada de ninguém. Então, por lei, mereço ficar com a terra, mas não estou tranquilo com este título porque estão expulsando o pessoal”.

Sete famílias de brasiguaios já tiveram de sair das terras. A maioria destas famílias cultiva plantações, principalmente de milho. A colheita está prevista para daqui um mês, mas todos vivem a incerteza de não saber se poderão entrar nas lavouras.

Os agricultores já foram a capital do Paraguai, Assunção, várias vezes tentar negociar com o governo paraguaio. Há pelo menos um mês, eles se reúnem na rodovia para protestar, fecham a pista por períodos alternados, na esperança de que o manifesto sensibilize as autoridades paraguaias.

O Instituto da Terra do Paraguai diz que a posse dos brasileiros é considerada ilegal porque muitos não moram na área, apenas usam a terra para cultivar. As famílias que foram despejadas garantem que vivem, sim, no local.

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