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O candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves, adotou postura cordial, ao se referir a Marina Silva na série de entrevistas feita pela rádio CBN. Ele é o sexto a falar sobre o programa de governo para os próximos quatro anos. Ao ser questionado sobre as pesquisas mais recentes, que mostram a ascensão contínua da candidata do PSB, o mineiro afirmou que é preciso “receber as modificações [nas pesquisas] com muita humildade, para que os eleitores decidam quem deve ir para o segundo turno”.
Ao enfatizar que Marina precisa decidir em qual direção seguirá o governo proposto por ela, o presidenciável afirmou que a avaliação atual é de que a presidente Dilma “fracassou e vai perder as eleições”, restando aos eleitores as duas opções: ele e Marina. Ressaltou que sua candidatura, de oposição, é contra Dilma e que a campanha de Marina traz um conjunto de distorções. “Eu acredito que vou vencer porque tenho uma proposta boa para o Brasil. Uma nova aventura não faria bem ao brasileiro. O Brasil não aguenta uma nova aventura, uma incerteza no seu horizonte”, criticou.
Ele iniciou o debate respondendo a pergunta sobre a legalização do aborto, considerada não só como caso policial, mas de saúde pública. Respondeu que, ao longo dos últimos anos, o governo tem diminuído a participação no conjunto de investimentos na saúde e que é necessário, para solucionar o problema, restabelecer as garantias de financiamentos contínuos na área. Em relação ao crime, o candidato afirmou que a decisão de criminalizar ou não deve ser debatida pela sociedade. “Essa é uma decisão que o Congresso deverá decidir, não que o presidente deva arbitrar, porque não tem poder para isso. Mas a sociedade deve debater”.
Sobre a economia brasileira, em especial o momento sensível pelo qual o Brasil passa com uma recessão técnica, Aécio alertou que “respeito às regras é essencial para que o país retome o ciclo de desenvolvimento econômico”. Defendeu também sua escolha por Armínio Fraga para possível ministro da Fazenda no caso de ser eleito, — que polemizou ao falar que antes de debater temas sensíveis, como previdência e arrocho salarial para conter a inflação, era necessário fazer um discurso antes, para não ser acusado de “assassino das velhinhas”. “Nossa política econômica é responsável até por que não há espaço para a maldade, que já está sendo feita por este governo. (…) Temos um time altamente qualificado”, enfatizou o candidato ao defender uma política fiscal transparente, fortalecimento das agências reguladoras e retorno de investimentos para que o país volte a crescer.
Aécio Neves terminou a entrevista dando seu posicionamento sobre o Programa Mais Médicos, uma das vitrines do governo de Dilma Rousseff. Afirmou que não é apenas a favor de mais médicos, mas de mais saúde. “Vamos criar a carreira nacional de médicos, para que possamos formar médicos que possam ocupar lugares onde não há médicos cubanos”. O candidato também defendeu a tomada de uma negociação para que os profissionais de Cuba que atuam no Brasil não sejam discriminados. “O Brasil tem mais força do que Cuba para impor uma negociação”, ressaltou o presidenciável, que propôs também o financiamento, pelo BNDES, para a criação de consultórios de especialidades em regiões definidas pelo Ministério da Saúde.
(fonte: Correio Braziliense – Jacqueline Saraiva)edição André Silva