Cristalina e Luziânia são referências do Entorno
Goiás se destaca, mais uma vez, na produção de grãos no Brasil. Parte deste sucesso se deve, também, às avançadas técnicas de irrigação desenvolvidas no Estado. Ganha destaque nesse campo a área do Entorno de Brasília que engloba as cidade de Cristalina, Luziânia, Campo Alegre, Formosa e Cabeceiras e que amplia cada vez mais a sua área irrigada. Grande aliada dos produtores, a irrigação é diretamente afetada nos períodos de seca, visto que os reservatórios de água atingem níveis mais baixos durante essa época do ano. Este quadro, no entanto, tem sido evitado em Goiás, por meio de técnicas de captação e preservação da água da chuva, desenvolvidas em algumas áreas de irrigação.
O Brasil é o país do mundo que mais possui água doce. No entanto, proporcionalmente é o país que menos irriga, ficando atrás de China, Índia, Espanha e Estados Unidos. Diante deste quadro, as barragens podem ser grandes trunfos para mudança deste cenário, reservando a água captada das chuvas. Em Goiás, a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seagro) desenvolve, com este objetivo, o projeto de Pequenas Barragens. Três grandes projetos de irrigação, que já se encontram em fase mais avançada, se encontram em Luiz Alves (Vale do Araguaia), Flores de Goiás e Três Barras. Em Luiz Alves a água é captada no Rio Araguaia e o volume é indicado pelos órgãos de fiscalização ambiental. Em Flores de Goiás, a água é reservada durante a época da chuva. E no município de Três Barras foram implantadas pequenas barragens, um projeto barato, pois não há necessidade de bombear a água.
O Governo do Estado de Goiás, por meio da Seagro, tem realizado diversos projetos de irrigação, com estimativa de que esse leque cresça cada vez mais. Essa ação faz parte de um conjunto de esforços do Governo para promover a segurança alimentar no Estado, que será atingida quando as plantações sofrerem com as adversidades climáticas que implicam em longos períodos de seca ou de chuva.
Grandes projetos de Irrigação em Cristalina, Rio Verde, Santa Helena, Ipameri, Campo Alegre, Pires do Rio e Luziânia já estão em fase de elaboração. Outros projetos estão previstos para Palmeiras, Itaberaí, Morrinhos, Silvânia e Vianópolis. Segundo o superintendente de Irrigação da Seagro, Alécio Maróstica, o importante é usar a água com consciência e aproveitar as tecnologias que propiciam isso. E essa mudança foi possível em Cristalina. “Quando a lavoura de feijão começou a ser irrigada na região, gastava-se 560 milímetros de água. Hoje, com os investimentos em ciência e tecnologia, os números chegam a 280 milímetros, caindo pela metade. Irrigar não é jogar água na planta, é uma ciência”, explica.
Cadastro de Irrigantes
Outra importante ferramenta para o desenvolvimento da irrigação no Estado é o Cadastro de Irrigantes. Pioneiro em Goiás, esse cadastro tem como objetivo coletar dados e fazer, literalmente, um raio X do irrigante. Onde e o que ele está plantando; como ele está irrigando; em qual rio ele está captando água; quanto é a produção e a mão de obra empregada e para onde ele está vendendo a produção são algumas das perguntas respondidas pelo cadastro. Este trabalho, que vai atender os 450 mil hectares irrigados do Estado, é realizado em parceria com diversos órgãos e entidades, entre eles, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Agência de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária do Estado de Goiás (Emater-Go) e tem alcançado sucesso. Já estão cadastrados cerca de 70 mil hectares, com alguns municípios tendo já registrado 100% de seus irrigantes no cadastro. Esse trabalho também possibilita o mapeamento das necessidades da irrigação podendo apontar onde devem ser desenvolvidas políticas públicas para fomentar a atividade.