Reguffe deve ir para o partido de Marina Silva
A ex-senadora Marina Silva (ex-PT e ex-PV) dá a largada neste sábado para a criação de seu partido, provisoriamente denominado de Rede, buscando uma espécie de limpeza ética na política, mas ao mesmo tempo correndo contra o tempo visando disputar as eleições presidenciais de 2014. O encontro nacional de criação da Rede acontece a partir das 8h30, no Unique Palace – Setor de Clubes Esportivos Sul, em Brasília.
Essa nova legenda nasce com a participação de quatro deputados federais e, entre eles, dois tucanos: Walter Feldman (PSDB-SP), Ricardo Tripoli (PSDB-SP), Domingos Dutra (PT-MA) e Reguffe (PDT-DF). A expectativa é que até o final do ano pelo menos mais seis ingressem na legenda, dependendo do período em que o partido vai demorar para conseguir ser homologado pela Justiça Eleitoral.
Até agora não existem senadores oficialmente interessados em compor a nova legenda. O nome de Eduardo Suplicy (PT-SP) foi ventilado, mas ele descartou sair do PT por enquanto.
Segundo os articuladores da legenda, a expectativa é conseguir dentro de no máximo três meses as 500 mil assinaturas, em nove Estados, necessárias para pedir o registro do partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os mais otimistas acreditam que essas assinaturas serão obtidas dentro de 30 a 45 dias, dependendo da mobilização nos Estados e nas redes sociais. A internet, nesse momento da criação do partido, é vista como fundamental para a obtenção do número de assinaturas necessárias para o registro no TSE.
O novo partido da Marina Silva tem o desafio de conseguir ultrapassar todos os passos burocráticos até setembro para estar apto a disputar as eleições de 2014. Depois da coleta de assinaturas, o pedido de registro da nova legenda ainda passará pela apreciação do TSE.
No caso do PSD, partido de Gilberto Kassab criado em 2011, essa fase demorou aproximadamente um mês e meio. No entanto, no caso do Rede de Marina, existe a possibilidade de o processo ser mais demorado. A homologação da nova legenda vai coincidir com o julgamento no TSE de 11 governadores a partir do final do primeiro semestre deste ano. “O nosso maior problema é homologar o partido dentro dos prazos, sem dúvida alguma”, disse o deputado Domingos Dutra (PT-MA).
Ética
Além da questão burocrática, a legenda busca uma espécie de limpeza ética na política. E isso fica muito claro no esboço de estatuto que deve ser aprovado durante o primeiro encontro do Rede neste sábado.
A legenda nasce com o objetivo de redemocratizar o poder partidário no Brasil, apostando em uma espécie de “política solidária” entre seus membros. “A Rede é uma associação de cidadãos e cidadãs dispostos a contribuir voluntária e de forma colaborativa para superar o monopólio partidário da representação política institucional, intensificar e melhorar qualidade da democracia no Brasil e atuar politicamente para prover todos os meios necessários à efetiva participação dos brasileiros e brasileiras nos processos decisórios”, descreve o estatuto provisório do partido.
A questão “limpeza ética” fica muito clara com a restrição da atividade política prevista em determinados artigos do estatuto provisório. O documento prevê, por exemplo, a extinção automática da filiação em caso de perda de direitos políticos; diz também que um parlamentar somente pode assumir cargos no Poder Executivo (como ministérios), caso ele renuncie ao seu mandato de deputado ou senador, e que nenhum congressista do Rede poderá exercer mais que 16 anos de mandato, consecutivos ou não.
Politicamente, a legenda deve abrigar parlamentares inconformados com suas respectivas agremiações. Ela não nasce de uma dissidência partidária como o PSD ou o PSOL, por exemplo. Tanto que hoje o partido reúne dois parlamentares tucanos, um petista e um do PDT, com a possibilidade de migração de parlamentares do PPS e PSOL. Os integrantes do Rede afirmam que hoje a captação de novos nomes não é a atividade fim do novo partido.