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Manifestantes antigoverno voltam a tomar praça em Istambul, na Turquia

Milhares de manifestantes ocuparam mais uma vez, na noite desta segunda-feira (3), a emblemática praça Taksim, em Istambul, no quarto dia de protestos contra o governo do premiê Recep Tayyip Erdogan, segundo testemunhas.

A polícia voltou a intervir no bairro Besiktas, também em Istambul, próximo ao escritório do premiê, dispersando com gás lacrimogêneo centenas de manifestantes.

Um homem de 20 anos morreu quando um táxi atropelou um grupo de manifestantes em uma via de Istambul durante um protesto nesta segunda, segundo a associação médica do país, citada pela agência Reuters.

É a primeira morte relacionada aos protestos, apesar de haver outros relatos de mortos.

O manifestante se chama Mehmet Ayvalitas. Segundo a associação TBB, outras quatro pessoas ficaram feridas, uma delas seriamente.

A polícia usou na tarde desta segunda gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de mil manifestantes em Ancara.

As forças de segurança agiram quando os manifestantes, em sua maioria jovens e estudantes, se reuniam na praça central de Kizilay, onde violentos confrontos foram registrados no domingo com vários feridos.

Os manifestantes responderam atirando pedras nos policiais, que também usavam jatos d’água.

Segundo a imprensa turca, quase 500 pessoas foram detidas no domingo na mesma praça, centro nervoso da capital turca.

Mais cedo, quase 3.000 pessoas protestaram em Istambul para denunciar o trabalho considerado parcial da imprensa turca em relação ao movimento de contestação anti-governamental que agita o país desde sexta-feira.

“Imprensa vendida! Não queremos uma imprensa submissa”, gritava a multidão, reunida em frente à sede do grupo de comunicação Dogus Holding.

Os manifestantes também denunciaram a “submissão de vários grupos de imprensa”, cuja cobertura do protesto contra o primeiro-ministro Erdogan é considerada muito tímida.

A imprensa escrita e televisiva é amplamente controlada por conglomerados ligados ao poder islâmico-conservador.

Sindicato marca greve
A Confederação dos Sindicatos de Trabalhadores Públicos da Turquia (Kesk) anunciou que vai realizar uma “greve de alerta” na terça e na quarta-feira para protestar contra a repressão contra manifestações contrárias ao governo nos últimos quatro dias.

“O estado de terror implementado contra protestos de massa pelo país… mostrou mais uma vez a aversão à democracia do governo do AKP (partido governista)”, disse o manifesto do Kesk, de tendência esquerdista e que conta com 240 mil membros em 11 sindicatos.

Premiê viaja
O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, acusado de autoritarismo e de querer ‘islamizar’ a sociedade turca, enfrenta um movimento de protesto de dimensão inédita desde a chegada ao poder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita moderado) em 2002.

Erdogan decidiu manter a viagem para a África do Norte, apesar dos protestos.

Erdogan viaja nesta segunda para Marrocos, antes de seguir para Argélia e Tunísia, segundo uma fonte do governo.

 

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