Cachoeira ataca o governo de Goiás
O contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, publicou um artigo no jornal “Diário da Manhã”, nesta terça-feira (11), em defesa da mulher, a empresária Andressa Mendonça. Em seu texto, que está causando polêmica nas redes sociais, o bicheiro faz duras críticas ao governo do estado por ter omitido à imprensa a presença de sua esposa em um desfile beneficente realizado no Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governador.
Cachoeira relatou que Andressa participou do evento da Organização das Voluntárias de Goiás, na sexta-feira (7), quando fez “uma generosa contribuição”, mas alega que a assessoria de imprensa do governo negou que ela tivesse sido convidada. “Compareceu como cidadã, empresária que paga seus impostos, pessoa bem relacionada e velha conhecida do governo e da primeira-dama e como uma pessoa que sabe da necessidade de se integrar às boas causas e contribuir para suprir as lacunas que o Estado não preenche, como uma saúde de qualidade e gratuita”, diz o texto.
Ele diz que vai defender a dignidade de sua mulher com “todas as suas forças e armas” e que espera que o governo repare com “extrema rapidez” a agressão contra a esposa. “Depois de entrar na arena para digladiar não permitirei recuo de quem quer que seja e só sairei dela vitorioso ou morto”, escreveu no artigo.
Para Cachoeira, a mulher foi “cortejada pelos poderosos e bem tratada, principalmente pela contribuição que deixou”. No entanto, depois do evento, o bicheiro garante que Andressa não teve o mesmo tratamento: “Bastou que se retirasse para que fosse renegada, tal a uma doente que não se quer por perto”.
Carlos Cachoeira ressalta que está pronto para a briga. “Em bom brasileirês falo com a cabeça erguida e com o peito arfante: cai pra dentro quem quiser que eu sustento o desafio”, declarou. Ele começa o texto citando o versículo da Bíblia de João 8:32: “Conhecerei a verdade e a verdade vos libertará”. E afirma que “a verdade mostrará ao povo de Goiás os erros cometidos ao longo dos anos”.
O empresário argumenta que a história de bandidos dentro do governo permanece sem contestações ou ser desmentida. “Estou falando de um governo que permite que um de seus principais expoentes diga ser esse mesmo governo composto por bandidos e não recebe uma reprimenda exemplar, a começar da exoneração sumária”.
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do governador, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Carlinhos Cachoeira disse ao G1 que não vai comentar o artigo.
Operação Monte Carlo
Carlos Cachoeira é acusado de chefiar um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal. Ele foi preso em 29 de fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). Todos os envolvidos na organização recorreram da sentença e aguardam em liberdade.
Cachoeira foi condenado a 39 anos e 8 meses de prisão pelo juiz federal no processo oriundo da Operação Monte Carlo, pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha.
O nome de Cachoeira aparece envolvido em duas operações da Polícia Federal: a Monte Carlo e a Saint Michel. A Saint Michel é um desdobramento da Operação Monte Carlo, que apurou o envolvimento de agentes públicos e empresários em uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e tráfico de influência em Goiás.
O bicheiro obteve liberdade em 11 de dezembro do ano passado, dias depois de ser preso em razão de sua condenação. Antes, ele havia ficado preso no presídio da Papuda, em Brasília, por nove meses.
No último dia 28 de abril, Cachoeira foi detido em uma blitz após se recusar a fazer o teste do bafômetro. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, ele foi abordado por policiais em uma blitz da Lei Seca na BR-060, em Anápolis (GO), quando voltava de um show do cantor Gustavo Lima.