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Projeto para revitalizar região do porto de Cuiabá deve custar R$ 28 milhões

panoramica_leandro_nascimento_g1Apontada por historiadores como o berço da capital mato-grossense, a região do porto deCuiabá deve sofrer intervenções radicais orçadas em R$ 28 milhões com intuito de se apagar o atual retrato de abandono e de promover o espaço a ponto de visitação turística até a Copa do Mundo de 2014. Pelo menos esta é a ambição do plano apresentado à imprensa nesta terça-feira (27) pela Prefeitura, o projeto Porto Cuiabá, que prevê a ampliação do Museu do Rio, a abertura de ciclovias, de um calçadão, espaços de lazer, quiosques, uma praça e um estacionamento, entre outras ações paralelas de saneamento e revitalização que façam retomar a relação dos cuiabanos com o rio Cuiabá.

“Hoje, as pessoas têm muito menos contato com o rio. Não há mais restaurantes nem aquelas rampas de acesso, a região está abandonada, dominada por usuários de drogas, pela prostituição e o rio está inacessível. A cidade se desenvolveu a partir do rio, mas foi se virando e hoje está de costas para ele”, resumiu o secretário de governo Fábio Garcia sobre o objetivo do projeto, concebido pelos arquitetos Paulo Crispim e Marcela Carbonieri.

O conjunto de obras para requalificação da orla de Cuiabá não é de execução tão complexa quanto as intervenções do governo estadual para a Copa – como a Arena Pantanal e o plano de mobilidade, com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Entretanto, o projeto Porto Cuiabá também tem o intuito de oferecer uma nova região portuária para os visitantes durante o evento mundial.

“Nosso objetivo é uma corrida contra o tempo”, admitiu o prefeito Mauro Mendes (PSB). Ele também explicou que os recursos devem ser buscados em várias fontes: o governo do estado já se comprometeu a aplicar R$ 10 milhões, a Prefeitura deve entrar com R$ 5 milhões e um grupo atacadista concordou em participar com R$ 5,5 milhões.

Para completar o total de R$ 28 milhões, a Prefeitura prevê a arrecadação do governo federal e por meio do regime de concessão de espaços para atividade de bares e restaurantes. A licitação do conjunto de obras está sendo preparada em quatro ou cinco lotes, com previsão de lançamento no próximo mês.

Croqui mostra área da "Praça das Águas", que Prefeitura planeja abrir na região do Museu do Rio e do Aquário municipal. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)Simulação mostra área da “Praça das Águas”, que Prefeitura planeja abrir na região do Museu do Rio e do Aquário municipal. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)

O projeto
“Não estamos inventando a roda”, adiantou o secretário Fábio Garcia sobre as obras previstas no projeto Porto Cuiabá. Elas foram inspiradas em exemplos de cidades que souberam reinventar sua relação com rios e canais de modo a preservar a beleza desses espaços e explorá-los turisticamente.

Na lista de bons exemplos estão cidades como Amsterdam (Países Baixos), San Antonio (Estados Unidos), Xangai (China), a região de Puerto Madero em Buenos Aires (Argentina), Paris (França), Florença (Itália) e a capital do Pará, Belém, que tornou-se modelo nacional após a revitalização de sua região portuária e do mercado ao lado.

Em Cuiabá, as intervenções devem abranger uma área de 1,3 quilômetro, entre a Ponte Nova e a Ponte Júlio Müller, duas das principais ligações com o município de Várzea Grande, região metropolitana da capital.

Projeto prevê concessão de espaços para bares, quiosques e restaurantes. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)Projeto prevê concessão de espaços para bares, quiosques e restaurantes. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)

A pista da Avenida Beira-Rio deve ser mantida em três faixas, divididas por um canteiro de uma ciclovia de 2,5 metros e um calçadão de extensão mínima de 12 metros ao longo do trecho, o qual deverá contar com dois píeres. Um deles ficará próximo a um pequeno teatro de arena com arquibancada. Toda a intervenção foi planejada de forma a assegurar acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida e contar com pequenos espaços para exercícios físicos. As árvores da beira do rio deverão ser demarcadas para preservação e integração ao projeto.

Lazer e turismo
Espaços padronizados ao longo do trecho, com banheiros públicos, deverão ser utilizados por bares e quiosques com capacidade, cada um, para até 300 pessoas sentadas e áreas até 18 metros na direção do rio. A Prefeitura estuda aumentar o número de bares previstos, que atualmente é de três, devido à demanda do setor.

Outras opções de lazer e gastronomia estarão na chamada “Praça das Águas”, complexo que reunirá o Museu do Rio, o Aquário municipal e três grandes restaurantes. Para a construção da praça, um trecho da avenida no local deixará de existir e será incoporado ao calçadão com vista para o rio. O local contará com fontes de água e chafariz. Para a segurança da área, a Polícia Militar se comprometeu a implantar duas bases comunitárias, informou a Prefeitura.

Ampliação do Aquário Municipal manterá construção circular antiga e será inspirado no "Cubo d'água" chinês. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)Ampliação do Aquário Municipal manterá construção circular antiga e será inspirado no “Cubo d’água” chinês. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)

Por sua vez, o Aquário municipal será ampliado. A atual construção de formato redondo será incorporada como entrada do novo espaço, que deverá integrar espécies de peixes oriundos das três bacias hidrográficas presentes em Mato Grosso (dos rios Amazonas, Araguaia e Paraguai).

O projeto do prédio – de estrutura branca e com possibilidade de ficar multicolorido com iluminação noturna – foi inspirado no Centro Aquático dos Jogos Olímpicos de Pequim, conhecido como “Cubo D’água”.

Projeto prevê mais de 900 vagas para estacionamento na região do Porto. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)Projeto prevê mais de 900 vagas de para carros
na região do Porto. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)

Nas proximidades, serão abertas mais de 900 vagas de estacionamento para os visitantes. Dois terços das vagas serão abertos com custeio da Secretaria Extraordinária da Copa 2014 (Secopa).

O local será ponto de apoio para quem se dirigir à Arena Pantanal, além de estar próximo a uma das estações do VLT.

Por isso, a Praça Luiz de Albuquerque (ao lado da Ponte Júlio Müller) também passará por revitalização, bem como os prédios antigos no entorno. Os casarões deverão servir para abrigar centros de produção cultural, artística e gastronômica, movimentando o comércio do turismo.

Croqui mostra espaços que deverão ser ocupados por três grandes restaurantes no projeto da "Praça das Águas". (Foto: Prefeitura de Cuiabá)Simulação mostra espaços que deverão ser ocupados por três grandes restaurantes no projeto da “Praça das Águas”. (Foto: Prefeitura de Cuiabá)

O rio
A Prefeitura alegou que, para a emissão do licenciamento ambiental do empreendimento, o pré-requisito é a recuperação do córrego Mané Pinto. Nas negociações com a Secretaria de estado de Meio Ambiente (Sema), ficou acordado que a execução do projeto fica condicionada à construção do coletor do esgoto por parte da Secopa – o que já está previsto no pacote de obras do estado.

 

 

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