Bombeiros acham corpo da 10ª vítima de desabamento em SP

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O Corpo de Bombeiros localizou por volta das 16h desta quinta-feira (9) o corpo da décima vítima do desabamento de uma obra na Zona Leste de São Paulo. O último desaparecido após o acidente nesta terça-feira (27) era o ajudante de pedreiro Antônio Welington Teixeira Silva.

Segundo o major Anderson Lima, do Corpo de Bombeiros, como não há mais relatos de desaparecidos, as buscas foram dadas por encerradas e a área entregue para o trabalho da perícia. Após a retirada do último corpo, Lima reuniu os bombeiros, que fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas. Em seguida, eles foram bastante aplaudidos pelas pessoas que acompanhavam as buscas na Avenida Mateo Bei, em São Mateus.

A penúltima vítima encontrada foi o pedreiro Claudemir Viana de Freitas, na manhã desta quinta. O corpo dele estava no fundo do terreno e foi reconhecido por familiares. Segundo a corporação, 36 pessoas estavam na construção no momento do desabamento: 26 delas foram resgatadas com vida e 10 morreram.

Segundo o Fernando Barbosa, amigo de Freitas, a mulher da vítima está grávida de dois meses e ele havia voltado do Maranhão para uma nova empreitada de trabalho em São Paulo há 15 dias. “Eu ainda tinha esperança de encontrá-lo com vida. Ele estava muito feliz de ser pai. Era trabalhador e sonhador”, lamentou Barbosa que acompanhava as buscas desde quarta-feira (28).

Trabalho
Máquinas retroescavadeiras eram usadas no início desta manhã para remover os escombros de pontos da obra onde os bombeiros acreditam não haver vítimas. Segundo o capitão dos bombeiros Denilson Ostroki, a corporação trabalhava por volta das 7h com a “remoção seletiva de escombros”. “O bombeiro investiga determinada região e a máquina auxilia na remoção”, explicou. Os trabalhos estavam concentrados em dois pontos.

Por causa da poeira levantada na remoção dos escombros, máscaras de proteção foram distribuídas para quem acompanhava o trabalho dos bombeiros, como os profissionais da imprensa. No final da manhã desta quinta-feira, os bombeiros informaram que, em 50 horas de trabalho, 270 homens, 70 carros e cinco cães atuaram no resgate das vítimas do desabamento da Zona Leste de São Paulo. Até as 11h40, 18 caminhões de escombros já haviam sido retirados do local.

Maranhão
Seis dos nove mortos no desabamento eram naturais do Maranhão, informou a Secretaria da Segurança Pública.

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Confira a lista dos mortos já identificados:

 Marcelo de Sousa Rodrigues, 22 anos, natural de Barra do Corda (MA)

– Ocirlan Costa da Silva, 19 anos, Mirador (MA)

– Antônio Carlos Carneiro Muniz, 36 anos, Grajaú (MA)

– Raimundo Barboza de Souza, 38 anos,Imperatriz (MA)

 Leidiano Teixeira Barbosa, 27 anos, Barra do Corda (MA)
– Felipe Pereira dos Santos, 20 anos, Imperatriz (MA)

– Raimundo Oliveira da Silva, 29 anos, Itaguatins (TO)

– José Ribamar Soares do Nascimento, 20 anos (não foi informada a origem)

– Claudemir Viana de Freitas, 28 anos (não foi informada a origem)

Segundo o advogado Leonardo Veloso, que defende a Salvatta Engenharia (empresa contratada para avaliar as condições da obra), os corpos serão levados até Imperatriz (MA). A empresa vai pagar o traslado dos corpos e passagem aérea para um ou dois parentes que quiserem ir ao enterro. “A maioria dos funcionários era radicada em Imperatriz.” A empresa é responsável por levar os corpos para outras cidades, caso seja necessário.

Ainda segundo o defensor, todos os funcionários estavam devidamente registrados e tinham seguro de vida pago pela empresa. Ele acrescentou que “o que tiver que ser feito vai ser feito e da melhor maneira possível”.

Suspeita de omissão
Nesta quarta-feira, o Ministério Público de São Paulo informou que investiga a Prefeitura da capital por suspeita de omissão no desabamento. De acordo com a Promotoria de Habitação e Urbanismo, a administração municipal deveria ter impedido a continuidade das obras, já que o local havia sido embargado pelo próprio órgão. Também nesta tarde, o delegado Luiz Carlos Uzelin, titular do 49º Distrito Policial, disse que quer ouvir responsáveis na administração municipal para saber por que o embargo da obra não foi comunicada à Polícia Civil.

A Prefeitura divulgou nota para afirmar que não cometeu omissão e que vai apurar o motivo de o embargo da obra que desabou não ter sido comunicada às autoridades policiais. A administração informou que o “emparedamento ou bloqueio físico de obras por pendência documental não é habitualmente realizado pela administração”. Ainda segundo a Prefeitura, o Código de Obras e Edificação do município não prevê o emparedamento da obra embargada, apenas em casos que envolvem licença de funcionamento.

Investigação
A Polícia Civil pretende ouvir os responsáveis pela obra. Segundo o delegado Antônio Mestre Júnior, da 8ª Seccional, os depoimentos serão colhidos no 49º Distrito Policial, em São Mateus. O delegado não informou, entretanto, quando esses responsáveis serão convocados.

“Vamos ouvir mais pessoas entre elas responsáveis diretos pela obra”, disse Mestre Júnior. Operários e demais profissionais ligados à construção da loja também deverão ser ouvidos nos próximos dias.

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