Senadora se filia ao PMDB e aproxima Dilma de ruralistas
A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (TO), deixou na quinta-feira, 3, o PSD e se filiou ao PMDB. Na decisão da senadora, cada vez mais alinhada à presidente Dilma Rousseff, pesaram a possibilidade de o PSD se distanciar do Palácio do Planalto e desavenças regionais com antigos correligionários.
Em 2014, Kátia Abreu poderá concorrer ao governo do Tocantins ou a mais um mandato no Senado. Nas duas opções, faz questão de ter Dilma em seu palanque. A presidente, por sua vez, cultiva a proximidade com Kátia por entender que ela é um importante canal de aproximação com o setor do agronegócio, tradicionalmente refratário ao petismo.
A senadora já foi recebida algumas vezes em audiências no Palácio do Planalto não como representante do Congresso, mas como presidente da CNA. Nem os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso costumavam receber líderes da entidade. O setor reclama que em governos anteriores, somente a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tinha voz ativa no Executivo federal.
É nesse contexto que a ida de Kátia Abreu para o PMDB – partido do vice-presidente da República, Michel Temer, e aliado preferencial do PT em 2014 – representa uma maior proximidade da senadora com Dilma e uma guinada em sua trajetória política.
Proximidade. Kátia Abreu era filiada ao PFL, que depois se transformou no DEM, partido que fez a mais contundente oposição ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2011, foi para o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab – que é apadrinhado pelo ex-governador paulista, José Serra, do PSDB, opositor da presidente e Dilma. Com a ida para o PMDB, a senadora vai para o lado do governo.
Apesar disso, Kátia Abreu deixa na cúpula do PSD do Tocantins seu filho, o deputado federal Irajá Abreu.
Questionada sobre a mudança tão radical, Kátia Abreu responde que não foi sua ideologia que se transformou, mas o governo que mudou seu modo de agir, dando atenção à CNA e ao setor agropecuário. A opinião crítica sobre o ex-presidente Lula, porém, não mudou.
Mas a filiação da senadora no PMDB causou descontentamento em corrente dos ruralistas que repudiam sua aproximação com o PT.
MST. Por outro lado, petistas mais radicais e ligados a movimentos sociais também criticam a presença de Kátia Abreu no principal aliado do PT, que se forjou com o apoio do Movimento dos Sem Terra (MST).
O próprio movimento também faz sua crítica. Para o coordenador-geral do MST, Alexandre Conceição, “Kátia Abreu representa os interesses do latifúndio atrasado, independentemente do partido dela”.
“Essa mudança representa apenas um acerto para a disputa das eleições de 2014. O Brasil precisa de uma Assembleia Constituinte para fazer uma reforma política e acabar com o comércio de partidos”, afirma o coordenador. (Estadão)