Mais um morador de rua é assassinado em Goiás
Um morador de rua foi morto com um tiro no peito na madrugada deste domingo (3), em Goiânia. Segundo Tatiana Barbosa, adjunta da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), o homem não portava nenhum documento de identificação e aparentava ter cerca de 40 anos. Esta é a 39ª morte de pessoa em situação de rua na Região Metropolitana da capital desde agosto do ano passado.
O crime aconteceu no cruzamento da Rua 230 com a 9ª Avenida, no Setor Leste Vila Nova. De acordo com Tatiana, o homem estava em grupo com mais cinco colegas quando duas pessoas passaram em uma moto pelo local e um deles efetuou o disparo que atingiu o morador de rua.
“Algumas testemunhas informaram que ele é conhecido na região como ‘Coroa’. Elas disseram que a vítima sempre fica perambulando pelas ruas do bairro usando drogas”, afirmou a delegada ao G1.
O corpo foi periciado pela Polícia Técnico-Científica e levado para o Instituto Médico Legal (IML). O crime só será investigado quando terminar a greve dos agentes e policiais civis, que começou no dia 17 de setembro.
Série de mortes
A Grande Goiânia já registrou 39 mortes de pessoas em situação de rua, conforme levantamento da DIH. A sequência de crimes começou no dia 12 de agosto do ano passando, quando um jovem de 22 anos foi morto com três tiros, na esquina da Avenida Independência com a Rua 68, no Centro. Usuário de drogas, ele teria sido morto por um soldado da Polícia Militar, que acabou preso.
O último caso tinha sido registrado no dia 16 de outubro. Na ocasião, um morador de rua foi morto a tiros enquanto dormia, no Setor Campinas. Segundo a polícia, um homem passou pelo local em uma bicicleta e efetutou os disparos.
Desde o início da escalada de violência, a Polícia Civil descarta a possibilidade dos crimes estarem relacionados. Quando o elevado número de mortes de pessoas em situação de rua chamou a atenção da população, a polícia prometeu intensificar as ações para coibir os assassinatos. Entre as medidas anunciadas estavam uma força-tarefa para a resolução dos crimes, o mapeamento dos locais onde eles ocorreram e o monitoramento das áreas com maior incidência.
A onda de violência contra moradores de rua também chamou a atenção do governo federal. Em maio, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou documento ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo que a Justiça Federal de Goiás apure as mortes.
A medida foi tomada após pedido da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário. A representante do governo federal afirmou, em abril deste ano, que trabalha com a hipótese de que um grupo de extermínio tenha agido nos assassinatos de pessoas em situação de rua em Goiânia, nos últimos meses. (Por Sílvio Túlio, Repórter do G1- GO)