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Drogas, sexo e política no escândalo do banco ético britânico

A vida desenfreada do pastor metodista que presidia um “banco ético” britânico, e que foi detido nesta sexta-feira (22/11) por drogas, amplia um escândalo que ameaça atingir a oposição trabalhista britânica e que será objeto de uma investigação oficial.

“A investigação foi acordada com os dois entes reguladores (…), que concordaram que existe interesse público em uma investigação legal”, disse um porta-voz do Ministério das Finanças.

A notícia foi dada horas depois da prisão do ex-presidente do banco Co-operative Paul Flowers, pastor metodista.

“Oficiais da polícia de West Yorkshire detiveram um homem de 63 anos na região de Merseyside (a região de Liverpool, no noroeste da Inglaterra) em relação com uma investigação em curso sobre tráfico de drogas”, declarou a polícia em um comunicado, sem informar o nome do detido, como é habitual.

“Foi transferido a uma delegacia de West Yorkshire, onde os investigadores continuam com suas pesquisas”, acrescentou.

Uma fonte próxima ao caso confirmou que se tratava de Flowers.

Paul Flowers, pastor metodista e presidente do banco de 2010 a junho de 2013, foi filmado com uma câmera escondida pelo semanário Mail on Sunday em seu carro discutindo a compra de cocaína, metanfetaminas e cetamina, antes de contar 300 libras em notas e entregar a um amigo para fechar negócio.

O reverendo se desculpou no domingo, antes de ser suspenso pela Igreja Metodista e pelo Partido Trabalhista, do qual havia sido vereador. A imprensa prosseguiu com a revelações, entre elas a de que pagava por sexo com homens jovens.

O caso levou à renúncia de Len Wardle, presidente do grupo Co-operative, que além de um banco tem supermercados e até funerárias.

O banco Co-operative anunciou no início de novembro um plano para evitar a quebra que semeou dúvidas sobre sua vocação ética, ao ceder parte de seu controle aos credores, entre eles vários fundos de investimento especulativos americanos.

No Parlamento, os conservadores, no governo, criticaram a oposição trabalhista por seus laços com Flowers e com o Co-op, provocando uma confusão que acabou com um deputado pedindo para o primeiro-ministro David Cameron esclarecer se ele não havia usado drogas nunca.

“Você usou cocaína?”, gritou de seu assento Ed Balls, responsável pela economia dos trabalhistas. A pergunta foi ignorada, mas foi o ponto culminante, na quarta-feira, de uma sessão que pegou fogo.

O primeiro-ministro havia insultado os trabalhistas em duas ocasiões. A primeira quando afirmou ao líder trabalhista que seus planos sobre tributação “não são uma política, são uma noite de farra com o reverendo Flowers”.

A segunda foi quando perguntou ao ex-ministro trabalhista Michael Meacher se ele havia passado a noite com Flowers “e se as substâncias que alteram a mente haviam começado a surtir efeito”, por dizer que os níveis de investimento estrangeiro na Grã-Bretanha eram baixos.

Cameron se desculpou por esta última declaração.

“O que vemos é que este banco, encurralado por seu presidente, havia acordado empréstimos em condições vantajosas aos trabalhistas, donativos aos trabalhistas, que teve acesso a Downing Street sob todos os governos trabalhistas, e que aconselha o líder trabalhista” Ed Miliband, disse, mais a sério, o primeiro-ministro.

Os trabalhistas, sentenciou, “conheciam seu passado”, em uma alusão à passagem de Flowers pelo governo municipal de Bradford, no norte da Inglaterra.

Em meio ao escândalo, a cidade revelou que o reverendo renunciou depois de ter sido encontrado “material impróprio, mas não ilegal” em seu computador, e não porque havia começado a acumular muitas tarefas, como se afirmou na época.

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