PIB da Argentina cresce 3%
O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina registrou um aumento de 3% no ano passado, com o que o país somou 11 anos consecutivos de crescimento econômico, embora a economia comece a evidenciar sinais de desaceleração.
‘Uma taxa de 3% de crescimento para o ano passado é muito boa para a economia argentina no marco internacional’, afirmou nesta quinta-feira em entrevista coletiva o ministro da Economia argentino, Axel Kicillof.
Após a severa crise de 2001 e 2002, a economia da Argentina cresceu entre 2003 e 2011 a um ritmo médio anual de 8,3%, embora em 2012 só tenha avançado 1,9%.
A expansão do PIB em 2013 informada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) é bastante menor que o crescimento de 4,9% registrado no ano passado no Estimador da Atividade Econômica, um antecipação provisória mensal utilizada depois para medir a variação do PIB.
Kicillof explicou na entrevista coletiva que essa diferença se deve a mudanças na medição do PIB, que antes era calculada com base em valores de 1993 e agora se baseia em valores de 2004, modificação que não tinha sido aplicada ao Estimador Mensal da Atividade Econômica no momento de calcular sua evolução em 2013.
‘Agora o PIB foi calculado com uma nova base, tomada a partir do censo econômico de 2004, e não com os valores de 1993’, justificou o ministro.
Ao confirmar-se uma alta de 3% do PIB em 2013, a Argentina economizará este ano US$ 3,5 bilhões em conceito de pagamento dos cupons de títulos de dívida com rendimento atrelado ao crescimento econômico do país.
Estes instrumentos financeiros, emitidos a partir da troca de dívida de 2005, preveem um pagamento anual cada vez que o PIB cresça acima de 3,25% ao ano.
A notícia fez com que a cotação dos cupons atrelados ao PIB afundasse cerca de 10%.
O novo relatório oficial do PIB da Argentina não inclui, como acontecia na versão anterior, detalhes sobre a evolução de variáveis importantes como a oferta e a demanda globais, o consumo púbico e privado e o investimento interno bruto fixo.
Também não detalha a evolução do PIB no quarto trimestre do ano passado, quando, segundo consultores privados, a economia local começou a evidenciar sinais de desaceleração.
O Indec divulgou hoje, além do novo relatório do PIB, os dados do Estimador Mensal da Atividade Econômica correspondentes ao último mês de janeiro, que mostram uma alta de 1,2% frente ao mesmo mês de 2013 e uma queda de 0,4% frente aos dados de dezembro do ano passado.
O cálculo de janeiro da atividade econômica também se vê afetado pela mudança de ano de base utilizado para a medição, esclareceu o ministro da Economia.
Para 2014, o Orçamento oficial argentino prevê uma expansão do PIB de 6,2%, mas analistas preveem uma desaceleração e alguns até uma queda na atividade de 1,4% para este ano.
Para consultoras privadas, a economia nos primeiros meses do ano, golpeada pela forte desvalorização do peso argentino em janeiro e pela elevada inflação, exibe um dinamismo magro.
‘Durante os primeiros dois meses do ano a atividade econômica teve um crescimento de 1% anual sendo relevante para explicar este resultado o desempenho elétrico, setor que se expandiu 3,9% em relação aos primeiros dois meses de 2013’, disse a empresa de consultoria Orlando Ferreres e Associados em um recente relatório.
Segundo o estudo, apesar da intermediação financeira, este continua sendo o setor de maior expansão arrastando o conjunto da atividade econômica da Argentina, começando a tornar evidente sua desaceleração.
‘Desta forma, até que não comece o ciclo da colheita gorda, provavelmente a atividade econômica não experimentará crescimento relevante’, advertiu a empresa de consultoria. (AFP)