No DF, diversas categorias brigam por salários

Em novembro, diversas categorias paralisaram suas atividades em protesto. Há relatos de funcionários que não recebem salários há quatro meses

Os problemas com as empresas que prestam serviço ao GDF ainda não terminaram. Há categorias  em greve há mais de duas semanas. São auxiliares de serviços gerais, copeiros, merendeiros, ascensoristas, vigilantes. Alguns não receberam nem um real referente a outubro, outros não tiveram o valor dos benefícios depositado. Há, ainda, quem esteja trabalhando há quatro meses sem receber pelos serviços.

Em protesto, parte das categorias ocupou a frente do Palácio do Buriti, para pedir uma solução. A estimativa é de que o governo deva R$ 30 milhões a cada prestadora de serviço contratada.

No fim da tarde, representantes dos funcionários, das empresas e do GDF se reuniram e tiveram como resposta  a promessa de pagamento das merendeiras e auxiliares de serviços gerais até segunda-feira. Dessa forma, estes funcionários  devem voltar ao trabalho hoje. Caso o dinheiro não chegue, a greve será retomada na terça-feira.

A denúncia dos sindicatos patronais representantes das empresas de asseio, conservação, limpeza urbana, serviços gerais e vigilância privada é de que estão sem receber há mais de 90 dias. Mesmo assim, o GDF diz que “vem efetuando os pagamentos dentro do prazo legal”.

“Caso os serviços sejam paralisados, a empresa responsável poderá ser penalizada e ser registrada no cadastro de inidônea, o que significa que não poderá mais celebrar novos contratos”, alertou, em nota.

LIXO ATRAPALHA AULAS 

O caso de funcionários terceirizados da limpeza e conservação é ainda mais longo. Eles dizem sofrer com atrasos no repasse de salários, tíquete-alimentação e vale-transporte há cerca de um ano. São mais de duas mil pessoas, contratadas pela empresa Juiz de Fora.

Isso afeta hospitais, administrações regionais e escolas. No Centro de Ensino Elefante Branco, na Asa Sul, professores e alunos têm se unido para diminuir a sujeira.

A estudante C.R.,  16 anos, revela que voluntários são chamados para auxiliar na limpeza. “Os piores lugares são escadas e banheiro,   o cheiro é insuportável. Toda semana tem alunos e professores limpando a escola”, conta. Não seria a primeira vez que voluntários deixam de assistir às aulas para contribuir. “Só neste ano deve ser a terceira ou quarta vez”, enumera J.L., 16.

VÍTIMAS DE UM JOGO DE EMPURRA
As 800 merendeiras que trabalham nas escolas públicas do DF pela GE Serviços Terceirizados  dizem que não receberam nem um centavo no último mês. A empresa alega que aguarda um repasse de R$ 9 milhões, mas a Secretaria de Educação nega a existência de débitos.  “Enquanto eles ficam nesse empurra-empurra, quem sofre somos nós”, reclama Mirtes Vieira de Melo, 53 anos, merendeira em uma escola de Samambaia Sul.
Ela classifica a situação como absurda, assim como Sueli da Silva, 40. A merendeira revela que o salário só é pago após paralisação: “Eles querem que a gente trabalhe sem receber. Isso é uma falta de respeito. Não valorizam nosso trabalho”.
Em nota, a Secretaria de Educação informou que os pagamentos estão dentro dos prazos contratuais. “É importante dizer que não há motivo para a suspensão de atividades nas escolas”, diz a pasta, destacando que deve ter reposição de aula para que os estudantes não sejam prejudicados.
VIGILANTES
Por sua vez, o Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Sistema de Segurança Eletrônica, Cursos de Formação e Transporte de Valores (Sindesp) revela que pelo menos metade das empresas que terceirizam serviços de vigilância para o GDF não recebem  há quatro meses. O DF possui 21,8 mil vigilantes registrados. Destes, 40% prestam serviços ao governo.
Audiência no Ministério Público do Trabalho deve tratar da denúncia de que a Secretaria de Saúde não   vem cumprindo com  as obrigações. Procurada, a pasta não se manifestou até o fechamento desta edição.
A reportagem não conseguiu contato com nenhuma das empresas que dizem ter problemas com os repasses do GDF. A informação é de que todos estariam reunidos em busca de soluções.
O Sindiserviços revela que existem outras pendências com os trabalhadores, como o pagamento das verbas rescisórias devidas para 400 ex-empregados da empresa Juiz de Fora.
Duas empresas de serviços gerais, Dinâmica e Ipanema, já teriam sinalizado que não têm como pagar o 13º salário aos funcionários do GDF. Procurada, a Ipanema não se manifestou.
Diretor da Dinâmica, André Carvalho informou que a empresa precisa dos repasses de setembro e outubro para fazer o pagamento aos terceirizados do GDF.

(Fonte: Jornal de Brasília)edição de André Silva

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