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Prefeitura atrasa entrega de materiais e estudantes faltam aula em Luziânia

Kits estão em salas trancadas, dentro das escolas, mas ainda não há previsão de liberação

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Materiais estocados em uma escola municipal de Luziânia

As aulas nas escolas públicas de Luziânia (GO) começaram na última segunda-feira (19/1), com professores de volta ao trabalho. No entanto, ao menos metade dos 25 mil alunos aguardam em casa a entrega do kit escolar prometido pelo prefeito, Cristóvão Tormin. O material, estocado, aguarda a liberação, ainda sem data marcada pela prefeitura.

Os kits são abastecidos com mochila, giz de cera, lápis de cor, cadernos, canetas, cola, tesoura, borrachas e estojo. Todos os materiais são personalizados com a logo da prefeitura. Pais de alunos afirmam que foram orientados a não comprarem os materiais, uma vez que eles seriam disponibilizados para o ensino infantil e fundamental gratuitamente.

Wendell Silva atua como professor na rede pública da região há dois anos e relata a dificuldade em trabalhar sem os itens básicos: “O atraso na entrega prejudica nosso trabalho e principalmente desempenho dos alunos. Muitos não têm condições de comprar. Quando não compramos com nosso dinheiro algum material essencial para o desenvolvimento das atividades, não podemos dar as aulas”.

Outra professora, que preferiu não se identificar, confirmou ao Correio que os materiais estão nas unidades de ensino, mas as datas para entrega ainda não foram definidas. “Em sala de aula damos um jeito para ninguém sair no prejuízo. A Secretaria de Educação ficou de divulgar um cronograma de entrega, mas até agora não tivemos nenhuma notícia. A escola foi proibida de enviar lista de material escolar. Desde que o prefeito se comprometeu a doar os kits, ficamos impedidos de pedir qualquer auxilio para os pais”.

A auxiliar de serviços gerais – que preferiu se identificar apenas como Maria – tem um filho de 10 anos, que deixou de ir às aulas. Segundo a mãe, a família não tem condições de comprar e confiou na promessa do prefeito. “Nas eleições,ele  prometeu que ia garantir os kits. Agora, meu filho está faltando a aula porque não tem material. No ano passado tivemos o mesmo problema com o atraso”, desabafa. “Hoje, quem não tem caderno usa folhas brancas cedidas por professores e, ainda assim, faltam canetas e lápis”, completou.

De acordo com os moradores, os materiais estão guardados em caixas e chegaram semana passada às unidades de ensino. “Perguntei para a diretora da escola quando a entrega seria feira, mas ninguém soube responder. Liguei na Secretaria de Educação e, até o momento, ninguém tinha assumido o órgão. A antiga secretária foi afastada no ano passado”, disse Maria.

A primeira entrega dos kits foi feita em 2014. No evento estavam prefeito, vereadores e a secretária de Educação. O grupo foi pessoalmente nas 63 escolas municipais. Nos locais, a comitiva conversou e tirou fotos com os pais e as crianças. Em resposta sobre o atraso este ano, a prefeitura confirmou que os kits estão nas unidades de ensino e alegou que a entrega do material foi programada e agendada com as escolas, mas não revelou a data e nem o valor gasto na compra dos materiais.

(fonte: Correio Braziliense – Mirelle Pinheiro) edição de André Silva

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