Ministro quer mudar lei para tratar torcedores violentos como “delinquentes”
Em reunião com representantes de organizadas, Goerge Hilton promete jogo duro
Empossado há pouco mais de um mês, o ministro do Esporte, George Hilton, já pensa em alterar o Estatuto do Torcedor. A ideia surgiu depois de uma reunião com integrantes da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), ontem à tarde, em Brasília. Preocupado com problemas como a não aplicação de penas, ele quer uma lei mais dura contra os torcedores violentos — o estatuto prevê o comparecimento deles a uma delegacia enquanto durarem os jogos. “Tem de recrudescer a legislação. Tem de haver mais rigor, esses elementos têm de ser tratados como delinquentes”, cobrou.
Hilton criou um grupo interministerial, integrado também pelo Ministério da Justiça — ele terá audiência com o colega José Eduardo Cardozo na próxima semana. Levará à reunião os pontos discutidos com André Azevedo e Flávio Coelho, dirigentes da Anatorg. O ministro também promete encontro com representantes dos clubes. A pauta inclui a criação de um disque-denúncia. “Pode ser aplicado ainda neste ano”, anunciou.
O grupo interministerial deve se debruçar sobre o relatório de 2006 da Comissão Paz no Esporte, feito por Marco Aurélio Klein, presidente da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). Klein foi encarregado de atualizar o documento de mais de 100 páginas. Um dos capítulos é dedicado às torcidas organizadas e defende a criação de setores específicos a elas nos estádios.
Torcida única, não
Responsáveis pelo cadastro de seus integrantes, as torcidas organizadas apontam o dedo para as autoridades ao citarem sanções aos criminosos. “Não pode esperar que façamos o trabalho do Estado, da polícia. Não tenho poder judicial para punir. Não podemos fazer nada além de excluir o torcedor do cadastro. Isso não impede que ele vá ao jogo e use a camisa da torcida”, defende André Azevedo, presidente da Anatorg.
Uma das convergências entre George Hilton e a Anatorg vai de encontro a uma polêmica proposta do Ministério Público de São Paulo para evitar brigas em clássicos do futebol. O ministro disse ser contra partidas com apenas uma torcida no estádio. “Não sou a favor. Tem de ter as torcidas, temos de ter cultura, tem de haver um grito de paz que envolva não só as organizadas, mas que traga as famílias de volta ao grande espetáculo”, opinou.
Nesse último ponto, os discursos divergiram. “Falam sobre afastar as família do estádio, mas a família nunca foi ao estádio. É um ambiente extremamente machista”, rebateu Flávio Coelho, dirigente da Anatorg.
(fonte:Vítor de Moraes /Correio Braziliense) edição de André Silva