Grécia diz ter ganhado tempo após acordo
O governo de esquerda da Grécia insistiu neste sábado (21) que evitou ser “estrangulado” pela zona do euro, que concordou em princípio em estender o acordo de socorro financeiro com o país, enquanto poupadores nervosos retiravam grandes somas dos bancos gregos.
Atenas disse que o acordo fechado no fim da sexta-feira em Bruxelas deve acalmar os gregos que temem que controles de capital pudessem ser impostos como um prelúdio para a saída do país do euro. Contudo, alguns eleitores questionaram o que os novos líderes conseguiram em semanas de negociações com a linha-dura da zona do euro, liderada pela Alemanha.
Depois de negociações difíceis, a Grécia assegurou na sexta-feira uma extensão de quatro meses do financiamento da zona do euro, o que vai evitar a quebra e a saída do euro, desde que o país apresente promessas de reformas econômicas na segunda-feira.
“Ganhamos tempo”, disse Gabriel Sakellaridis, porta-voz do governo. “A economia grega e o governo grego não foram estrangulados, como era talvez o plano político original de centros no exterior e dentro do país”, disse ele à Mega TV, sem dar nomes aos linha-dura da zona do euro que forçaram o governo a um recuo em Bruxelas.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse neste sábado que o acordo cancelou os compromissos de austeridade firmados pelo governo conservador anterior com os credores internacionais do país.
“Ontem tomamos um passo decisivo, deixando a austeridade, os resgates e a troika”, disse em comunicado televisionado. “Vencemos uma batalha, não a guerra. As dificuldades, as reais dificuldades… estão à frente.”
Tsipras recebeu amplo apoio no país pelo que os gregos viram como a primeira vez em que seus líderes jogaram duro, em vez de ir a Bruxelas com o chapéu na mão receber ordens de Berlim. No entanto, o governo também estava sob intensa pressão doméstica.
O valor se soma a estimados 20 bilhões de euros ( US$ 23 bilhões) que os gregos retiraram dos bancos desde dezembro, quando se tornou claro que a o partido radical Syriza, de Tsipras, ganharia as eleições parlamentares do mês passado.
Diante do risco de uma corrida caótica aos bancos na terça-feira, depois de um fim de semana prolongado, o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, enfatizou que o acordo deve acalmar os poupadores.
“Está bem claro que a razão pela qual tivemos uma retirada de depósitos foi o fato de que todos os dias, mesmo antes de sermos eleitos, os gregos têm ouvido que se ganhássemos e permanecêssemos no poder por mais do que alguns dias os caixas eletrônicos deixariam de funcionar”, afirmou ele à imprensa em Bruxelas. “A decisão coloca um fim a esse medo, a esse alarmismo.”
Buscando acalmar os gregos preocupados com o feriado de segunda-feira, uma fonte do Banco Central Europeu afirmou depois do acordo que controles de capital estavam fora de cogitação.
A vitória no mês passado do Syriza, que prometeu reverter as políticas de austeridade ditadas pelo programa de socorro da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, criou grande expectativa na população.