Família procura uruguaio desaparecido no DF
A família de Andres Antônio está desesperada com o desaparecimento do uruguaio, que trabalha como camelô na Rodoviária do Plano Piloto. No último dia 24 de setembro, ele teria saído de casa para trabalhar e não voltou mais. Andres, agora, engrossa a lista de desaparecidos no Distrito Federal, que soma 2.190 registros.
Andres tem 50 anos e saía todos os dias da sua casa, no Guará II, para a Rodoviária, seu local de trabalho. Ele mantinha a ocupação como uma forma de manter a cabeça em atividade para, segundo a família, driblar uma crise de depressão. “Ele andava muito triste. Andres já tinha tido depressão antes e estava entrando em crise novamente. Ele não tomava remédio para a doença, pois nunca aceitou ir ao médico“, afirma a mulher, Elza Maia.
No último dia 24 de setembro, Andres saiu de casa às 11h apenas com a roupa do corpo: uma bermuda clara e uma blusa preta de malha, roupa que normalmente usava para dormir. “Estranhamos porque meu marido não levou a mercadoria para vender”, diz a mulher.
A filha de Elza notou a ausência do padrasto, que costumava chegar em casa às 19h, e informou à mãe, que estava no trabalho, às 22h. Após várias tentativas de contato, as ligações passaram a cair direto na caixa postal.
Elza já procurou pelo marido no Instituto Médico Legal (IML) e nos hospitais da região, mas sem resultado. Ela registrou, então, o desaparecimento na Delegacia Civil do Hospital de Base. Agora, o caso foi homologado e encaminhado para o Delegacia de Polícia do Guará II, onde o casal vive. Publicações nas redes sociais atrás do uruguaio já foram feitas. “Estou desorientada, sem rumo e não consigo mais levantar da cama. Quando saio, fico andando nas ruas procurando por ele. Tenho medo dele ter tido um surto”, afirma Elza.
Mais registros de mulheres
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, entre janeiro e agosto deste ano, 2.190 pessoas estavam desaparecidas no Distrito Federal. Destas, 1.111 eram do sexo feminino e 1.079 do sexo masculino. Até o final de setembro deste ano, quando o setor de estatística atualizou o estudo, 521 pessoas ainda permaneciam desaparecidas e 1.669 foram localizadas .
Entre os meses de janeiro e agosto de 2015, 2.005 ocorrências de desaparecimento foram feitas no DF, enquanto que, no mesmo período de 2016, foram 2.019 ocorrências. Em cada ocorrência, porém, pode haver mais de um desaparecido. A média de ocorrências, por mês, é de 273 pessoas.
Em 2016, o maior número de desaparecidos contempla jovens entre 13 e 17 anos do sexo feminino. De acordo com o balanço, 645 meninas dessa faixa etária foram declaradas desaparecidas entre janeiro e agosto deste ano (76%). Segundo o documento, jovens dessa idade costumam fugir de casa por conflitos familiares, violência doméstica e uso de drogas. Ao aparecer, alguns adolescentes apenas afirmam que passaram alguns dias na casa do companheiro. Elas vêm seguidas dos homens entre 30 e 49 anos, com 383 desaparecidos.