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Entenda em 5 pontos por que a bolsa teve a maior sequência de quedas da história

Cenário exterior desafiador e falta de segurança fiscal no Brasil explicam desânimo dos investidores com o mercado de ações brasileiro


Ibovespa — Foto: Pexels

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou o pregão desta sexta-feira (18) em alta, encerrando a maior sequência de quedas da sua história. O índice subiu 0,37%, aos 115.409 pontos.

Foram 13 pregões consecutivos de baixa até a última quinta-feira (17). Neste período, o índice acumulou uma desvalorização de 5,71%.

O último recorde negativo aconteceu em 1970, quando o Ibovespa caiu por 12 pregões seguidos. Naquele momento, o mundo passava por uma época difícil, em que o modelo de crescimento adotado depois do pós-guerra começava a declinar, gerando crises em diversos países.

Agora, em 2023, há uma triste semelhança: mais uma vez, o mundo enfrenta um cenário econômico desafiador, que ajuda a explicar a razão para a sequência de baixas vivida pela bolsa brasileira. Especialistas ouvidos pelo g1 explicaram as principais razões para essa série de desvalorizações.

Esta é a lista de tópicos apontados, que serão aprofundados adiante:

  1. As perspectivas de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo;
  2. O período de desaceleração econômica que a China atravessa;
  3. A indefinição do futuro fiscal no Brasil;
  4. Uma temporada de balanços corporativos pior do que a esperada;
  5. A insatisfação do mercado com a política de preços da Petrobras.

Entenda mais detalhes sobre cada um desses pontos a seguir.

Juros altos nos Estados Unidos

O ponto que merece mais destaque para entender essa desvalorização do Ibovespa é a perspectiva de que as taxas de juros americanas — hoje entre 5,25% e 5,50% ao ano — devem continuar elevadas por mais tempo, inclusive podendo ter novas altas.

Em sua última reunião, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou as taxas em 0,25 ponto percentual. Segundo Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital, após a reunião, a expectativa do mercado ficou com a divulgação da ata, que traz todos os detalhes do que foi discutido pela instituição.

Essa ata, divulgada na última quarta-feira (16), trouxe mais sinalizações de que o Fed continua preocupado com a inflação nos Estados Unidos e, por isso, pode realizar novos aumentos dos juros.

As informações fizeram com que os rendimentos dos títulos públicos americanos disparassem (já que eles são rentabilizados justamente pelas taxas de juros do país), fazendo com que os investidores migrassem seu dinheiro para lá.

“A economia dos Estados Unidos é a mais forte e está com uma boa rentabilidade, então os investidores retiram dinheiro dos países emergentes para aproveitar um prêmio de risco melhor nas economias desenvolvidas, e o Brasil é muito dependente do fluxo estrangeiro”, afirma Ariane.

O analista de investimentos Vitor Miziara pontua que as várias quedas observadas no Brasil também ocorreram em outros países, inclusive nos Estados Unidos, que viram seu mercado de ações despencar nas últimas semanas com a expectativa por juros mais altos.

China mais fraca

Ainda no exterior, outro fator que pesa sobre a bolsa brasileira é a percepção de que a China está passando por um período de desaceleração econômica.

Daniel Moura, especialista em mercado de capitais, explica que o país asiático, que é a segunda maior economia do mundo, não está conseguindo retomar o seu crescimento econômico.

Se a China cresce menos que o esperado, isso pode impactar na demanda mundial por diversos tipos de produtos, principalmente as commodities, já que ela é um dos maiores demandantes por esses itens, impactando toda a cadeia de exportações de vários países, inclusive o Brasil.

“O Brasil é muito dependente da China, muito dependente de commodities, então tudo que acontece por lá acaba tendo um peso sobre o nosso índice. A China está apresentando uma desaceleração da atividade, o que preocupa o mercado, além de uma lentidão do governo em implementar os estímulos anunciados – e o país só terá uma recuperação depois desses estímulos”, comenta Ariane.

Moura também destaca que empresas do setor imobiliário chinês estão passando por uma crise financeira, com algumas incorporadoras pedindo extensão do prazo para pagamento de dívidas. Esse é um dos setores mais importantes da economia chinesa e uma crise pode gerar uma reação negativa em todo o país, piorando a percepção do mercado.

Incertezas fiscais no Brasil

Com todas essas incertezas no exterior, a economista Ariane Benedito explica que, para o Brasil atrair o investidor, precisaria apresentar segurança, o que não está conseguindo por conta do cenário fiscal ainda nebuloso.

Ela destaca ainda que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil deveria ter acalmado os ânimos dos investidores, já que a instituição iniciou o ciclo de cortes na Selic, taxa básica de juros.

No entanto, a falta de definição sobre o arcabouço fiscal, além de novos gastos do governo (como o novo Programa de Aceleração do Crescimento), continuam preocupando os investidores, que temem que as contas públicas fiquem descontroladas.

De acordo com Miziara, no curto prazo outro risco importante no radar é a reforma tributária, que “pode complicar ainda mais a economia e, quando falamos em bolsa, prejudicar diretamente os acionistas” com propostas que podem afetar os retornos oferecidos.

Empresas com problemas financeiros

Miziara também pontua como um dos impactos negativos sobre a bolsa o fim da temporada de balanços corporativos, que veio pior do que o mercado estava esperando, mostrando que as empresas não estão enfrentando bem o momento econômico mais desafiador, com juros altos e inflação ainda acima da meta.

“Olhando tanto para os resultados quanto para as projeções para os próximos trimestres, os números desanimam um pouco em termos econômicos. Isso tirou a atratividade das ações”, pontua.

As empresas que mais decepcionaram, segundo o analista, foram as do setor de varejo — principalmente Magazine Luiza e Via —, que estão com margens financeiras muito pressionadas, e o setor de saúde, com um crescimento muito baixo na base de clientes por conta da inflação ainda elevada.

Política de preços da Petrobras

Por fim, o último ponto que contribuiu para a desvalorização do Ibovespa nas últimas semanas foi a política de preços da Petrobras, que desagrada os investidores, ressalta Ariane.

A empresa tem o segundo maior peso na composição do principal índice da Bolsa, atrás apenas da Vale — e, por isso, quando o valor de suas ações cai, o desempenho geral do Ibovespa também sofre.

A Petrobras adotava, desde 2016, a Política de Paridade Internacional (PPI), que fazia com que os preços dos combustíveis da Petrobras oscilassem de acordo com o mercado internacional, acompanhando as cotações do petróleo e do dólar.

Em maio deste ano, a Petrobras acabou com essa medida e anunciou uma nova política de preços, que causa muitas dúvidas nos especialistas por ser considerada pouco transparente.

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fonte:

g1

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