Morte no TAF da PM: vídeo mostra momento em que jovem desmaia em prova
Gabriela era moradora do Gama, caiu nos últimos 40 segundos de prova ao lado de outras duas meninas que não conseguiram realizar o Teste de Aptidão Física (TAF)
Aos 40 segundos para acabar a prova de corrida do Teste de Aptidão Física (TAF) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Gabriela Rosa Gontijo (foto em destaque), 27, teve um mal súbito e caiu com o joelho na pista no último domingo (28/12).
Ao lado dela, outras duas meninas também caíram. A queda foi transmitida em lives que registram os testes para concursos. O Metrópoles teve acesso ao vídeo no momento em que a jovem desmaia. Ela foi atendida e levada ao hospital, mas não resistiu. O corpo de Gabriela, inclusive, apresentava escoriações no joelho.
Veja a cena:
Tio de Gabriela, Rodrigo Siqueira estava assistindo a cena e torcendo quando percebeu que algo estava estranho. “Minha mulher mesmo que viu e a gente ficou achando que parecia a Gabriela, ficamos sem saber ao certo”, comentou Rodrigo.
As baterias do TAF são organizadas por ordem alfabética. “Então tinham muitas Gabrielas participando, não dava pra saber”. O cinegrafista é amigo de uma que tem o sobrenome em comum à da vítima e por isso grita “vai, Gontijo” se referindo a outra candidata da prova. Ele preferiu não se identificar para a reportagem.Play Video
“Eu não sabia quem era que tinha caído, mas logo depois chegou mensagem no grupo pedindo orações à Gabi e fiquei preocupado”. Ele contou que tinha ao menos três amigas do mesmo nome e outra chamada Geovana na competição.
Demora em atendimento
O vídeo do momento é para o pai de Gabriela uma angústia. “Eu fiquei sabendo que o atendimento à minha filha demorou mais de 20 minutos ali, sem levar ela para o hospital”, revoltou Hélio Gontijo.
Ele também criticou a escolha inicial de levar a filha para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante. “Minha filha estava morrendo e levaram para um lugar que não tinha uma UTI”. Segundo o relato, a família esperou 14 horas para a liberação de um leito em para internar Gabriela. Apenas no dia seguinte, ela foi transferida para o Hospital Daher.
“Acho que se tivesse tido o atendimento correto eu não teria enterrado minha filha”, disse. Gabriela morreu na noite de segunda-feira (29/1).
Investigação
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso. O chefe da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), Wisllei Salomão, à frente das investigações, comentou que o corpo de Gabriela passou por exame no Instituto de Medicina Legal (IML), que produzirá laudo para apontar as causas da morte.
Em grupos nos aplicativos WhatsApp e Telegram com concurseiras da PMDF, colegas de concurso fizeram orações pela jovem e, após receberem a notícia da morte, lamentaram o ocorrido. “Que sentimento horrível. [Ela era] tão cheia de sonhos. Isso me quebra”, disse uma participante.
Por meio de nota, a PMDF informou lamentar “profundamente o ocorrido” e se solidarizou com parentes e amigos da candidata.
“Com relação ao Teste de Aptidão Física (TAF), cabe esclarecer que todos os aspectos que envolvam a aplicação das provas são de responsabilidade da banca examinadora. Não houve qualquer participação da Polícia Militar do Distrito Federal durante os dois dias do TAF”, destacou a corporação.
Atestado de aptidão para teste
O Instituto AOCP, banca organizadora do certame, lamentou “profundamente” o ocorrido, reiterou o pesar pela morte de Gabriela e prestou “as mais sinceras condolências aos familiares e amigos de Gabriela dos Santos Gontijo”. Além disso, destacou que a jovem iniciou a prova de corrida às 16h40, em Taguatinga, onde ocorria o teste físico.
“Antes do término da prova, a candidata teve um mal súbito e foi imediatamente atendida pela equipe médica que acompanhava a etapa, que realizou o devido atendimento de emergência e a transportou totalmente assistida até uma unidade de atendimento de saúde, onde foi devidamente hospitalizada, com a liberação da equipe”, destacou o instituto, por meio de nota.
O instituto acrescentou que uma das regras do edital de abertura do concurso exigia de todos os candidatos aprovados a apresentação de atestado médico que comprovasse aptidão para “realizar esforços contidos nos testes físicos previstos”. A jovem apresentou o atestado de aptidão física assinado por um cardiologista de Samambaia Norte, segundo a banca, “que a declarou apta para esta fase da seleção”.
“A organizadora do concurso informa que a aplicação dos testes físicos observou as disposições contidas na Lei [Distrital] nº 4.949/2012 e que, durante o período em que os candidatos aguardaram a realização das provas, eles puderam usar os bebedouros do local, bem como não havia qualquer restrição quanto à possibilidade de alimentação. O local de realização da etapa respeitou todas as regras, estava em ordem com todos os equipamentos usadas nos testes e ainda teve sua estrutura elogiada por outros candidatos”, completou o Instituto AOCP.
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