Vídeo mostra agentes russos sendo capturados por ucranianos durante ataque em Kursk; assista
Ucrânia permanece em silêncio sobre ofensiva, que pode ser uma das maiores em solo russo em mais de dois anos de guerra; ação pode ter como objetivo aliviar tropas sobrecarregadas
O chefe das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, afirmou ter contido uma invasão militar da Ucrânia na região fronteiriça de Kursk, conduzida por cerca de mil ucranianos na madrugada desta quarta-feira, e que levou a ordens de retirada de moradores e a combates intensos na região. Segundo informações não oficiais, os ucranianos chegaram a avançar até 15km, no que seria a maior incursão terrestre do tipo desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Vídeos mostram o momento em que agentes das forças russas estariam sendo capturados por ucranianos.
Nas imagens, é possível ver cerca de 50 militares da Rússia desarmados sendo abordados em um primeiro momento. Em outro registro, esses agentes já aparecem enfileirados, entrando em um caminhão das forças ucranianas. Para o presidente russo, Vladimir Putin, se tratou de uma “provocação em grande escala” de Kiev, que não se pronunciou. Veja vídeo abaixo:
Em publicação no Telegram, o Ministério da Defesa russo afirmou que o ataque ocorreu durante a noite na região de Kursk, onde há uma usina nuclear e uma unidade de transporte de gás, em tempos normais usada para levar o produto para a Europa. Moscou declarou que “ataques aéreos, forças de mísseis, fogo de artilharia e ações ativas de unidades que cobriam a fronteira do grupo de tropas na direção de Kursk impediram que o inimigo avançasse profundamente no território da Federação Russa”, e destruíram uma grande quantidade de veículos blindados e de transporte.
Horas depois, em reunião com Vladimir Putin e outros integrantes do gabinete de segurança do governo, Gerasimov disse que, nos combates, morreram 100 ucranianos e outros 215 ficaram feridos. Não foram dados números sobre as vítimas do lado russo, embora fontes independentes tenham revelado imagens de pelo menos dois tanques e um helicóptero da Rússia destruídos, além de seis soldados detidos. Ao presidente, o militar afirmou que “a operação se completará derrotando o inimigo e chegando à fronteira do Estado”, reiterando que os combates ainda continuarão.
O governador da região de Kursk, Alexei Smirnov, declarou estado de emergência, válido imediatamente. Nas últimas horas, ele emitiu uma série de alertas sobre ataques com mísseis e drones vindos da Ucrânia, e pedindo que a população busque abrigo. Smirnov afirmou que cinco civis morreram desde o início da ofensiva, incluindo uma gestante.
“Até que a situação operacional melhore, coordenarei pessoalmente o trabalho das forças do sistema estatal unificado para prevenir e eliminar situações de emergência”, disse Smirnov. “A sede operacional sob minha liderança funciona 24 horas por dia. Mantenho a situação sob controle pessoal. Estou constantemente em contato com as agências de aplicação da lei e com o centro federal. Todas as medidas necessárias estão sendo tomadas para garantir a segurança dos residentes de Kursk.”
Segundo o Ministério da Defesa as forças ucranianas atacaram por terra e ar nos arredores de Sudja, a cerca de 10 km da fronteira. O jornal Novaya Gazeta Europa afirmou, no Telegram, que as tropas ucranianas avançaram até 15km em território russo, com uma linha de frente de até 10km.
O canal Telegram Rybar, próximo aos militares russos, apontou que as tropas ucranianas tomaram três vilarejos na região de Kursk. A área fica próxima à região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, e tem sido alvo regular de bombardeios ucranianos desde o início do conflito em fevereiro de 2022. O canal Dois Majores, que é crítico ao Ministério da Defesa, aponta que os ucranianos assumiram o controle de uma rodovia local, que Sudja foi “completamente esvaziada”, e que “não era possível desalojar as forças ucranianas do território ocupado”.
“Hoje a situação é diferente: existem brigadas bem definidas das Forças Armadas Ucranianas que entraram no nosso território. Não o DRG (inteligência militar ucraniana), não um destacamento de terroristas, mas tropas regulares de um Estado vizinho. E eles não escondem isso”, disse, no Telegram, Alexander Kots, correspondente de guerra do jornal Komsomolskaya Pravda. “Isto dificilmente pode ser chamado de ‘ação rápida’ ou ataque terrorista. Esta é uma operação militar que Kiev lançou no território da Federação Russa.”
Desde o início da guerra, ataques ucranianos através da fronteira não são exatamente raros, e muitas vezes ocorrem com drones e foguetes lançados a partir do território da Ucrânia. Incursões, por sua vez, são pontuais, e quando ocorreram foram realizadas por paramilitares russos, contrários ao governo de Vladimir Putin. Por isso a ação desta quarta-feira chama tanto a atenção.
— Desta vez, não foi o RDK (Corpo Voluntário Russo, formado por russos que lutam com os ucranianos) ou a Legião da Liberdade da Rússia (grupo de paramilitares russos baseados na Ucrânia) que entrou na Rússia, mas as unidades formais das Forças Armadas da Ucrânia — disse ao Novaya Gazeta o especialista militar ucraniano e coronel da reserva da Ucrânia, Roman Svitan.
Em atualização, o Ministério da Saúde afirmou que 31 pessoas ficaram feridas, incluindo 6 crianças.
“19 pessoas, incluindo quatro crianças, foram hospitalizadas e estão recebendo tratamento hospitalar. Os médicos avaliam o estado de quatro vítimas, incluindo uma criança, como grave. As consultas de telemedicina foram realizadas com especialistas de organizações médicas federais”, disse o órgão, em publicação no Telegram.
Um correspondente de guerra da empresa estatal VGTRK, Evgeny Poddubny, foi ferido em um ataque de drone na região, e os primeiros relatos chegaram a apontar que tinha morrido, mas as autoridades posteriormente declararam que ele estava internado em um hospital local.
“Evgeny Poddubny está vivo! Ele recuperou a consciência e está recebendo todo o tratamento necessário em um dos hospitais de Kursk. Oramos pela saúde dele!”, disse Smirnov, no Telegram.
‘Disparos indiscriminados’
Em reunião com Gerasimov (via teleconferência), Andrei Belousov , ministro da Defesa, Sergei Shougu, secretário do Conselho de Segurança, e Alexander Bortnikov, chefe do serviço de segurança interna, o FSB, Putin disse que ” o regime de Kiev empreendeu outra provocação em grande escala”, com disparos “indiscriminados” contra edifícios civis, edifícios residenciais e ambulâncias.
Sem destacar quais seriam as ações militares imediatas, Putin pediu que as demais regiões da Rússia prestem assistência a Kursk, assim como as agências federais.
— Espero que os seus outros colegas de outras regiões da Federação Russa se juntem e façam o que todos deveriam fazer em tais situações — disse Putin, em conversa com o governador em exercício da região de Samara, Vyacheslav Fedorishchev, que ofereceu apoio. — Os líderes regionais têm a oportunidade de fazer mais do que os cidadãos comuns. Portanto, conto realmente com o apoio de vocês e de seus colegas das regiões da Federação Russa.
As autoridades ucranianas estão mantendo silêncio quase absoluto sobre a situação em Kursk e vários funcionários de alto escalão procurados pela agência AFP, pela rede americana CNN e pelo jornal New York Times se recusaram a comentar. O único a se pronunciar indiretamente foi Mikhailo Podolyak, assessor do presidente Volodymyr Zelensky.
“Existem ‘ataques de retaliação’ no território da Federação Russa, e isso é absolutamente aceitável do ponto de vista jurídico. Muitos falam da impossibilidade de derrotar a Federação Russa. E essas também são apenas palavras, mas fazem seu próprio efeito conosco”, escreveu no Telegram.
O oficial sênior focado nas operações de desinformação russas, Andriy Kovalenko, pareceu reconhecer a fragilidade defensiva do país: no Telegram, disse que “os soldados russos estão mentindo sobre a controlabilidade da situação na região de Kursk. A Rússia não controla a fronteira”, uma opinião compartilhada pela blogueira militar Anastasia Kashevarova, apontando para falhas na proteção das fronteiras — segundo fontes no Exército, apenas recrutas recém-convocados atuavam na área.
“Eles sabiam que as Forças Armadas Ucranianas marchariam sobre a região de Kursk. Eles sabiam que estavam diminuindo suas forças. Sabíamos tudo como sempre, relataram os caras do campo, mas os que estavam no topo não fizeram nada”, afirmou a blogueira no Telegram. “Sabemos que o inimigo perfurará onde quer que tenhamos buracos. Mas continuamos a desperdiçar recursos humanos. Atribua aqueles que falharam na frente de batalha a outros setores responsáveis.”
Sergey Zgurets, um especialista militar ucraniano, disse que o Exército ucraniano parece estar tentando desviar as forças russas de outros setores da linha de frente, onde elas têm pressionado por vários meses. À AFP, ele explicou que a geografia dessa parte da Rússia torna possível “realizar efetivamente esse tipo de ação de dissuasão contra o inimigo com um pequeno dispositivo, e isso é provavelmente o que o exército ucraniano está fazendo”.
Mas analistas ouvidos pelo NYT alertaram que, apesar de tentar aliviar a pressão sobre as outras tropas ucranianas, o Exército da Rússia tem amplas reservas de tropas para se dedicar à luta e que o ataque corria o risco de sobrecarregar ainda mais as tropas ucranianas, que já estavam em menor número.
A opinião é partilhada pelo membro sênior do Foreign Policy Research Institute Rob Lee. “A Rússia já tem maiores forças/capacidades convencionais na área, melhor comando e controle, e tem unidades de conscritos que podem ser mobilizadas, que não são usadas na Ucrânia”, escreveu Lee nas redes sociais. “É improvável que esta operação force a Rússia a retirar forças significativas da Ucrânia.”
Ataques com drones
A operação ocorre em um momento em que as forças de Kiev, com falta de munição e novos recrutas, têm encontrado dificuldades para conter o avanço das tropas russas no leste da Ucrânia. Em maio, as tropas russas também lançaram uma ofensiva terrestre na região fronteiriça de Kharkiv, onde tomaram várias cidades antes de serem detidas pelo exército ucraniano.
Duas outras regiões russas que fazem fronteira com a Ucrânia, Voronej e Belgorod, também foram alvos de ataques de drones ucranianos contra prédios residenciais ontem, de acordo com as autoridades locais. “Dois drones atacaram um prédio” em Shebekino, em Belgorod, quebrando as janelas de um apartamento e incendiando outro, escreveu o governador Vyacheslav Gladkov no Telegram, dizendo que “ninguém ficou ferido”.
Em Voronej, capital da região homônima, os destroços de dois drones abatidos pela defesa aérea danificaram a fachada de um prédio e quebraram as janelas de vários apartamentos em outro, disse o governador Alexander Gusev.
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