Planalto reavalia estratégia para 2014 após parceria entre Marina e Campos

O Palácio do Planalto já reavalia a estratégia para a sucessão presidencial de 2014 após o anúncio, neste sábado, 5, da aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos. Petistas que integram o primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff acreditam que ela terá de reforçar a tática de construção da imagem de realizadora.

Marina Silva e Eduardo Campos durante o anúncio da aliança, nesse sábado - Dida Sampaio/Estadão

A ideia é se opor ao perfil “sonhático” da ex-ministra do Meio Ambiente, que deverá integrar a chapa presidencial do PSB com o governador de Pernambuco. Um ministro de Dilma chega a brincar que ela terá de ser apresentada como a “realizática”.

A parceria entre Marina e Campos, dois ex-ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva, pegou de surpresa integrantes do governo Dilma. Os assessores do Planalto dizem que a presidente apostava que, sem ter conseguido registrar a Rede na Justiça Eleitoral por falta de assinaturas de apoio, Marina iria sair candidata pelo PPS.

No acordo com Campos, inda não está claro quem será o cabeça da chapa. Apoiadores tanto de Marina quanto de Campos dizem que a ex-ministra topa ficar como vice. No anúncio de anteontem em Brasília, a ex-ministra afirmou que iria “adensar o projeto de uma candidatura já posta”.

Carisma e discurso. No Palácio do Planalto e no PT a avaliação é de que Marina leva para o palanque de Campos o carisma e também o problema de um discurso contra os investimentos na infraestrutura. Agora, a chapa informal PSB-Rede terá de mostrar como é possível garantir o crescimento da economia com a visão “sustentável” de Marina, diz um auxiliar da presidente. Outro problema, segundo esse assessor, é a pressão dos aliados de uma possível candidata a vice que tem mais nome do que Campos – nas pesquisas de intenção de voto, ela está logo atrás de Dilma; o governador de Pernambuco aparece mais abaixo, sem atingir dois dígitos na preferência do eleitorado.

O discurso ambiental, área de Marina, será moldado para que o governo passe a impressão de preocupação ecológica sem, no entanto, ficar paralisado.

Nas avaliações feitas pelo PT, Dilma é imbatível no discurso social, mas há preocupação com a recomposição da base no Nordeste, área de Campos.

Palanques. No PSB, a apreensão agora é com os palanques estaduais. Há resistência do grupo de Marina com alguns aliados de Campos, como a família Bornhausen em Santa Catarina e o líder ruralista e deputado federal Ronaldo Caiado, do DEM, em Goiás. “A ideia de convergência que estamos discutindo prevê que se tenha pessoas também de ideário liberal. Esse papo de esquerda e direita é antigo. Os sofismas não levam a mudar o Brasil como desejamos”, afirma o deputado Beto Albuquerque, líder do PSB na Câmara.

Os dirigentes do PSB esperam que a presença de Marina traga força para o objetivo do partido de conseguir visibilidade para Campos em São Paulo e Minas Gerais, maiores colégios eleitorais do País. A ideia é que o PSDB do senador Aécio Neves, no controle dos dois Estados, abra um “palanque duplo” para o governador de Pernambuco.

Em São Paulo, por exemplo, os dois partidos comporiam a chapa para a reeleição do governador tucano Geraldo Alckmin, mas os políticos de cada legenda defenderiam os seus candidatos próprios à Presidência. “A prioridade é o apoio ao governador Alckmin. Se não tiver palanque, teremos que pensar em alternativas”, diz o deputado federal Márcio França (PSB- SP).

Os tucanos paulistas evitam admitir a abertura de um palanque duplo com o PSB, mas falam de um “esforço compartilhado” entre as legendas. “Se o PSB tiver um candidato, é natural que haja um trabalho conjunto para fortalecer as oposições”, diz o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP). Em São Paulo, Aécio terá o desafio de garantir o apoio real e prático do ex-governador José Serra, que não conseguiu a chancela do diretório nacional para mais uma candidatura à Presidência, mas permaneceu na legenda. (Por Agência Estado).

 

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