Presidente Barack Obama defende a NSA depois de novas denúncias

As antenas telescópicas que pontuam de branco as colinas próximas a Bude, uma pequena cidade costeira de 9,2 mil habitantes na Cornuália (sul da Inglaterra), interceptaram comunicações do governo de Israel, das Nações Unidas, da União Europeia (UE) e de uma entidade humanitária na França. Uma das instalações mais importantes da GCHQ — organização de espionagem britânica — mantinha com a coirmã americana Agência de Segurança Nacional (NSA) uma lista de mil alvos para monitoramento em mais de 60 países. Em meio a novas revelações do ex-analista de inteligência Edward Snowden, o presidente dos EUA, Barack Obama, defendeu a NSA e descartou abuso de poder. “A NSA não está bisbilhotando. Não creio que eles abusaram do poder, mas entendo as preocupações dos americanos. Os EUA respeitam a privacidade, as liberdades civis e a Constituição. Por causa de Snowden, países não democráticos nos acusam”, declarou. “O debate é importante e necessário, mas é importante ter em mente que isso causou dano desnecessário às capacidades de inteligência e diplomacia americanas.”

Não é o que pensa o carioca David Michael Miranda, que tornou-se porta-voz de Snowden e coordenador de uma campanha pela concessão de asilo político ao ex-agente. Para ele, as revelações deixam claro que os EUA têm a meta de invadir todas as formas de comunicações. “Eles não precisam de uma razão para atingir alguém em particular. E veem todas as comunicações como propriedade; eles as coletam, as armazenam e as monitoram”, afirmou ao Correio, por e-mail. “É isso o que torna o sistema de vigilância tão perigoso e uma ameaça profunda aos direitos humanos básicos. Como pode ser possível espionar o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância)? Os EUA se queixarão que há terroristas no Unicef?”, ironizou. A agência da ONU se recusou a comentar as denúncias.

Miranda acredita que a coalizão internacional contra o sistema NSA-GCHQ cresce exponencialmente. “A cada semana, mais nações se unem a nós. Eu adoraria ver o Brasil liderar essa defesa da privacidade”, disse. “Uma das coisas mais importantes que o Brasil pode fazer é proteger os direitos humanos de Snowden, pois o modo como ele protegeu os nossos direitos humanos foi um ato de coragem.” De acordo com dossiês de 2009, nem mesmo o principal aliado da Casa Branca foi poupado. Os e-mails do então premiê de Israel, Ehud Olmert, e do ministro da Defesa, Ehud Barak, teriam sido grampeados. Em entrevista ao New York Times, Olmert garantiu que o endereço eletrônico era um “alvo inexpressivo”. “Eu ficaria surpreso se houvesse qualquer tentativa da inteligência americana de ouvir as linhas do primeiro-ministro.”

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