Três militantes europeias do Femen começam a ser julgadas na Tunísia
Três militantes europeias do grupo feminista Femen compareceram nesta quarta-feira (5) em um tribunal tunisiano por terem se manifestado com os seios à mostra, um crime que pode ser punido com pena de prisão, mas seus advogados se declararam otimistas, apesar do alvoroço provocado pelo caso neste país conservador dirigido por islamitas.
A tunisiana Amina Sbui, detida desde 19 de maio, também deve ser interrogada à tarde em Keruan (centro).
Dezenas de pessoas se reuniram pela manhã diante do tribunal da capital para expressar sua ira contra as francesas Pauline Hillier e Marguerite Stern e contra a alemã Josephine Markmann.
“Como você pode defender estas mulheres? Você não é tunisiano, não é muçulmano, não tem mulher nem filhas!”, disse um manifestante a um dos advogados tunisianos.
As três acusadas entraram na sala de audiências às 9h30 GMT (6h30 de Brasília) com a cabeça coberta por um safsari, o véu tradicional tunisiano, como impõe a tradição.
Um advogado francês, Patrick Klugman, que representa o Femen e as famílias das detidas, considerou um bom sinal ter sido autorizado a apresentar seus argumentos e considerou positivo que as mulheres devam responder ao crime de indecência, e não de atentado ao pudor.
De qualquer forma, podem ser condenadas a até seis meses de prisão.
“Acusam as Femen de terem cometido um ato de indecência, mas esta infração carece de fundamento material ou intelectual: usam seus corpos não como um objeto de exibição para seduzir, mas como uma mensagem política”, disse Klugman.
“Vamos pedir que as Femen sejam ouvidas, não que sejam observadas”, acrescentou.
A questão é muito delicada em um país onde os islamitas do Ennahda, no poder, enfrentam a pressão crescente do integralismo salafista.
Na terça-feira, uma ativista ucraniana do Femen que viajou à Tunísia para apoiar as três mulheres julgadas foi detida e expulsa imediatamente do país, segundo o grupo feminista.
Ativistas protestam em frente à embaixada da Tunísia na França, em Paris, nesta quarta-feira (5), pedindo a libertação de Amina (Foto: AFP)