Agnelo sinaliza apoio para segundo turno
Em nome da velha amizade, petista se mostra alinhado com Rollemberg
Os sinais estão por toda parte. E não é só a campanha do candidato ao GDF Jofran Frejat (PR), que explora o assunto, há tempos percebido por ela. O governador Agnelo Queiroz (PT) mostra total alinhamento com Rodrigo Rollemberg (PSB), que também concorre ao Buriti. O acordo velado seria em homenagem à velha amizade e a uma mágoa pessoal do petista, que teria sido traído por arrudistas e rorizistas dentro de seu governo.
A clareza do apoio de Agnelo ao antigo aliado está nas exonerações em massa feitas por seu governo, logo após partidos da base declararem apoio a Frejat. Foi assim com o PEN, do ex-secretário de Justiça Alírio Neto, e com o PHS, que comandava a Secretaria de Defesa Civil, extinta e transformada em subsecretaria. Os apadrinhados foram sumariamente exonerados.
Há quem diga que, com a medida, o petista consegue resolver dois problemas: a folha de pagamento inchada e a vingança política.
Exonerações fora de hora
Para o distrital eleito, Ricardo Vale (PT), as exonerações vieram “fora de hora”. “Exonerar, agora, quem apoia A ou B é desnecessário. Já perdemos a eleição. O momento de ter feito isso foi há seis meses, um ano. Não concordo com isso, mas é uma decisão do governador”, argumenta.
Na opinião dele – que é irmão do ex-todo-poderoso do governo Agnelo e agora conselheiro do Tribunal de Contas do DF, Paulo Tadeu -, a “retaliação” é em função de traições anteriores e apenas coincidiu com o anúncio do apoio ao concorrente de Rollemberg: “O governo está punindo as lideranças que não foram leais”.
Boicote
As traições foram materializadas pelo boicote à candidatura do governador na campanha de vários candidatos proporcionais de partidos da base. Com a recusa de aliados do próprio PT de pedir votos para Agnelo, o diretório regional do partido chegou a ameaçar tirar tempo de propaganda de candidatos mais resistentes.
Os petistas mais chegados ao governador acreditam que este foi um dos motivos que tiraram Agnelo do segundo turno e deixaram o candidato do PT ao Senado, Geraldo Magela, em terceiro lugar.
Aos próximos, Rollemberg tem confidenciado que, apesar da velha amizade com o governador petista, os dois não podem estar juntos neste momento, quando sua campanha prega a mudança para o DF.
Procurada para comentar o assunto, a campanha de Rollemberg não retornou as ligações.
Maioria dos comissionados permanecerá
Os 40 mil comissionados do governo Agnelo representam outro problema a ser enfrentado pelo petista. O PT, que já declarou neutralidade nas eleições do DF neste segundo turno, precisa se preocupar em como vai acomodar seus cabos eleitorais. Para Ricardo Vale, que também é secretário-geral do partido no DF, muitos dos que aí estão vão continuar no governo, independentemente de quem for eleito.
“Eles mudam de lado rapidinho”, afirma. Ele disse que basta observar algumas figuras que se perpetuam nos cargos há vários governos. “Acho que só vão sair mesmo os militantes ligados ao PT, porque são mais ideológicos”, aposta. E em seguida admite que não acredita em mudança. “A gente fica achando que tem renovação, mas não tem. Nem todo mundo vai sair em função do sistema político. Foi assim com Agnelo, quando pegou o governo Arruda”, afirma Ricardo Vale.
Aliados de Arruda e Roriz já se posicionaram, na opinião de Vale. “Quem foi Agnelo (no primeiro turno), já mudou de lado”, diz. No entanto, mesmo com todos os boatos de que estaria em conversa adiantada com Rollemberg, o petista garante: é neutro. Como orienta o partido.
Mudança x experiência
A campanha de Jofran Frejat tem tentado, a todo o custo, colar a imagem de Rollemberg, que está em primeiro lugar nas pesquisas de intenções de voto, na do governador Agnelo Queiroz, que deixará o governo com rejeição de mais da metade da população. A intenção é mostrar que o senador, eleito na chapa petista quatro anos atrás, não representa mudança ou renovação.
Rollemberg usa o discurso da renovação para se contrapor à campanha de Frejat, que tem como cabos eleitorais os ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda.
(Fonte: Jornal de Brasília) edição de André Silva