Obra que levou 36 anos para ficar pronta vai melhorar o transporte de cargas no Brasil
Depois de erros técnicos, mudança de traçado, escândalos de corrupção e muitas inaugurações parciais, a obra Norte-Sul foi concluída pela empresa que opera no trecho central
Depois de 36 anos, erros técnicos, mudança de traçado, escândalos de corrupção e muitas inaugurações parciais, a obra Norte-Sul foi concluída.
A ferrovia tem quase 2.300 quilômetros de extensão e foi dividida em duas partes. A primeira, pronta desde 2010, vai de Palmas, no Tocantins, a Açailândia, no Maranhão, com um custo de R$ 2,6 bilhões. Já o trecho de Estrela do Oeste, em São Paulo, ao Tocantins custou cerca de R$ 11 bilhões.
A ferrovia foi finalizada este ano, depois que a concessionária Rumo venceu o leilão e assumiu o lote em 2019.
Woodson Baltazar Silva, maquinista de 33 anos, nem era nascido quando a obra começou:
“Estou muito feliz de ser o primeiro aqui, nessa inauguração que é esperada por todo mundo. O coração tá batendo forte”.
É com ele que o Jornal Nacional embarcou no primeiro trem a percorrer o trecho goiano da ferrovia, com cerca de 280 km, o último a ficar pronto. Por isso, a viagem marca a interligação completa por trilhos entre quatro das cinco regiões brasileiras.
A operação é em caráter de comissionamento, autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres. Isso significa que os trens podem rodar em velocidade reduzida. O Ibama deve fazer uma vistoria nos próximos dias.
A composição com 112 containers saiu de Cubatão, em São Paulo, na malha paulista, seguiu desbravando o centro do país – de paisagem plana, vegetação de Cerrado, pastos e áreas de lavoura -, levando defensivos agrícolas, algodão e peças importadas para fabricação de carros.
O destino dessa primeira viagem é o Porto Seco, de Anápolis, que passou por uma grande adaptação no último ano para abrigar um terminal de contêineres.
“É muito simbólica a passagem do primeiro trem sobre esses trilhos. Promove uma integração do país, com fluxos nos dois sentidos, tanto da cadeia agropecuária como da cadeia industrial, mas também conecta o interior do Brasil ao mundo”, afirma Guilherme Penin, vice-presidente de expansão da Rumo.
Uma locomotiva com 80 vagões pode substituir 170 carretas e fazer viagens longas. Ares de modernidade para um projeto tão antigo.
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