Governo do DF decreta emergência por causa do surto de dengue
Medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial desta quinta-feira (25). De acordo com último boletim epidemiológico, 16.079 casos de dengue foram notificados nos primeiros dias de 2024 e três mortes registradas no mesmo período
O governo do Distrito Federal decretou estado de emergência para enfrentar a dengue, nesta quinta-feira (25). A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF).
O decreto autoriza o governo a tomar medidas administrativas necessárias para conter a doença, em especial a aquisição de insumos e materiais e a contratação de serviços. Veja outros detalhes:
- O decreto vai perdurar enquanto a situação sanitária de enfrentamento à dengue não for estabilizada;
- Por causa do caráter excepcional, o governo está autorizado a contratar profissionais por tempo determinado a fim de combater a dengue;
- Segundo o texto, a emergência pública em saúde não abrange todas as ações, equipes, equipamentos e processos da saúde pública, e está limitada ao que seja decorrente da situação sanitária específica.
- Veja aqui a íntegra do decreto
De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, divulgado na terça-feira (23), 16.079 casos de dengue foram notificados nos primeiros dias de 2024 e três mortes registradas no mesmo período.
O aumento do número de casos, se comparado com o mesmo período do ano anterior, é de 646,5%. O GDF está preocupado com a sobrecarga no sistema de saúde pública.
Regiões mais afetadas pela dengue no DF
- Ceilândia: 3.963 casos
- Sol Nascente/Pôr do Sol: 1.110 casos
- Brazlândia: 1.045 casos
- Samambaia: 997 casos
O Ministério da Saúde confirmou, também nesta quinta-feira, que o Distrito Federal vai receber doses da Qdenga, vacina contra a dengue. A imunização começa em fevereiro com crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização pela doença no Brasil.
A vacina Qdenga
Vacina contra a dengue Qdenga foi aprovada pela Anvisa — Foto: Reprodução EPTV
Além do Distrito Federal, 16 estados — cerca de 500 cidades — também vão dividir as 750 mil doses da Qdenga que já estão no país. No entanto, até a última atualização desta reportagem, não foram determinadas as quantidades de doses que cada unidade da federação vai receber.
- 💉 A Qdenga é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. O registro do imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Desde o ano passado, a Qdenga já está disponível no DF, mas apenas na rede privada. O imunizante deve ser aplicado em duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Na capital federal, cada dose custa cerca de R$ 420.
O Brasil é o primeiro país no mundo a oferecer o imunizante na rede pública, mas enfrenta o desafio da baixa quantidade de doses. O Ministério da Saúde vai receber pouco mais de 6 milhões de doses — 5,2 milhões foram compradas da Takeda e 1,3 milhões foram doadas pelo laboratório.
No entanto, o público vacinado contra a doença vai ser menor, já que são necessárias duas aplicações para a imunização completa. O volume é por limitação na capacidade de produção.
Diagnóstico da dengue 🦟
O diagnóstico da dengue é feito por meio de aspectos clínicos da doença e por exames complementares e de triagem como testes rápidos, hemograma e bioquímica.
Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da dengue são:
- Febre alta, maior que 38°C
- Dor no corpo e articulações
- Dor atrás dos olhos
- Mal estar
- Falta de apetite
- Dor de cabeça
- Manchas vermelhas no corpo
O infectologista Marcelo Cordeiro explica que o essencial é buscar atendimento médico na unidade de saúde mais próxima, o mais precocemente possível, para identificar casos graves e evitar complicações.
“Como é uma doença viral e que não tem tratamento específico, o tratamento é suporte clínico. Não era pra gente ter óbito por dengue, nós temos porque o reconhecimento da gravidade é feito tardiamente”, diz o infectologista.
É preciso estar atento aos sinais de alerta, destaca Cordeiro. Há uma lista de sinais de alarme que podem identificar uma maior gravidade da doença:
- Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua
- Vômitos persistentes
- Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico)
- Queda súbita de pressão arterial
- Letargia e/ou irritabilidade
- Aumento anormal do volume do fígado
- Sangramento de mucosa
- Aumento progressivo do hematócrito (de hemácias no sangue)
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