Lêda Borges e Zeli Fritsche: as amazonas que podem terçar forças em Valparaíso
A deputada federal aposta em José Antônio e o prefeito planeja lançar Marcus Vinicius. Mas os dois são reservas dos titulares: Lêda Borges e Zeli Fritsche
O prefeito de Valparaíso de Goiás, Pábio Mossoró (Pábio Correia Lopes), de 44 anos, do MDB, e a deputada federal Lêda Borges de Moura, 62 anos, do PSDB, são estrategistas políticos de primeira linha. Chegam a ser brilhantes, ainda que nada teóricos e até avessos à ciência política.
Com a habilidade de quem derrotou Lêda Borges, em 2020, Pábio Mossoró está estudando os passos políticos da adversária com lupa. Por ter perdido para o prefeito, a quem subestimara, a parlamentar decidiu se movimentar com inteligência, cálculo e realismo.
Hoje, retiradas as máscaras, a realidade política real de Valparaíso pode ser aquela que não está aparecendo à luz do dia. A rigor, se aceitarmos a ficção teatral, há dois pré-candidatos quase definidos: José Antônio, bancado por Lêda Borges, e Marcus Vinicius, que tende a ser apoiado por Pábio Mossoró.
Mas José Antônio e Marcos Vinicius estão mesmo quase definidos, ou representam um jogo de cena inteligente criado e ventilado por Lêda Borges e Pábio Mossoró?
Só é jogo de cena em parte. Porque os dois podem mesmo ser candidatos.
Mas é possível sugerir que o jogo real, o mais forte e visceral, pode ser outro. Pábio Mossoró está observando a armação do time de Lêda Borges. A deputada está verificando a escalação do escrete do prefeito.
Se, de repente, José Antônio for retirado do páreo, por “anemia” nas pesquisas, Lêda Borges não hesitará em se escalar para o time titular.
Se Lêda Borges se colocar como candidata, mandando José Antonio (ex-secretário do prefeito) para a reserva, a tendência é que Pábio Mossoró escale sua titular, a deputada estadual Zeli Fritsche, do União Brasil.
Diz-se, à boca pequena, que a política de Valparaíso exige o confronto entre as duas amazonas — Lêda & Zeli (prenomes com quatro letras, duas vogais e duas consoantes). As pesquisas de intenção de voto indicam, de fato, que são as preferidas dos eleitores do município.
Lêda Borges pode derrotar Zeli Fritsche e a deputada estadual pode derrotar a deputada federal. As duas são forças indomáveis — feras da política, altamente posicionadas e altivas. Uma disputa entre as duras será uma guerra.
Zeli Fritsche conta com um diferencial: o apoio de Pábio Mossoró — um padrinho de peso. Em 2020, o prefeito conquistou 51,40% dos votos válidos — deixando Lêda Borges bem atrás, com 36,14%. Foi uma vitória acachapante.
Lêda Borges não pode ser subestimada, pois é uma força da natureza — firme e agressiva. Mas Pábio Mossoró é um articulador nato e, como tal, agrega de maneira mais ampla diversas forças políticas do município.
O quadro descrito acima é o real, aquele que está sendo desenhado e comentado nos bastidores. O que não quer dizer que José Antônio e Marcus Vinicius estão fora do jogo. Não estão. Só não são — ainda não — titulares absolutos do jogo das raposas mais do que felpudas Lêda Borges e Pábio Mossoró.
De fato, Pábio Mossoró prefere manter Zeli Fritsche na Assembleia Legislativa, para que ajude o município. Mas, se não restar alternativa, sobretudo se Lêda Borges se escalar para a disputa, o prefeito acabará por escalar a pupila que gostaria de deixar para a disputa de 2026. Na disputa deste ano, que acontecerá daqui a dois anos e oito meses, Pábio Mossoró deve ser candidato a deputado estadual ou federal. Assim como Zeli Fritsche pode ser candidata a deputada federal ou estadual. (E.F.B.)
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