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Tributo Poético a Castro Alves por Gustavo Dourado, veja tambem sua biografia

Dia Nacional da Poesia: Tributo a Castro Alves, o "poeta dos escravos" e "da liberdade".

Homenagem a Castro Alves

Castro Alves popular
Poeta bem brasileiro
Telúrico…espiritual
Libertador altaneiro
O Poeta dos Escravos
Um eterno condoreiro

Bardo sempre iluminado
Sol poeta menestrel
Trovador de alto brado
Alquimista…bacharel
Repentista de primeira
Foi precursor do Cordel

Na Fazenda Cabaceiras
O grande poeta nasceu
Dia 14 de março
A poesia floresceu
No Ano 47(XIX)
O poeta apareceu

Paraguaçu,Cabaceiras:
Muritiba, freguesia
Comarca de Cachoeira
No Estado da Bahia
Surge Antônio Frederico
Transmutador da poesia

Poeta de boa estirpe
Nasceu no interior
Pai, Antônio José Alves
Foi médico de valor
Clélia Brasília, a mãe
Mulher de fibra e amor

Aos 5 anos de idade
A família se mudou
Residência em Muritiba
Em São Félix morou
Na famosa Cachoeira
Castro Alves estudou

José Peixoto da Silva
O primeiro professor
O poeta bem infante
Com essência do calor
Recebe do amado mestre
A sinergia do amor

No ano 54
A família em Salvador
Lá na Rua do Rosário
Num sobrado encantador
Faleceu Júlia Feital
Baleada pelo “amor”

Mudou para a Rua do Paço
Logo no ano seguinte
Foi estudar no Sebrão
Mui atento bom ouvinte
Já gostava de poesia
Na alma constituinte

No ano 58
Vai pro Ginásio Baiano
De Abílio César Borges
Luz ao poeta cigano
Treme a terra…brame o mar
Versoteropolitano…

Fixa moradia em Brotas
Na Chácara Boa Vista
Castro Alves vive a vida
Com a alma de ativista
Surgem os primeiros versos
Do monumental artista

A Dona Clélia Brasília
Morre em cincoenta e nove
Foi uma grande emoção
Castro Alves se comove
Grande baque na família
Dor em poesia sorve

Foi no ano de sessenta
Setembro no dia nove
Recita os primeiros versos
O Uni verso se move
A estrela da poesia
Pelo céu se loucomove

Versos ao Doutor Abílio
Criativo educador
Ás do Ginásio Baiano
Dinâmico diretor
O Barão de Macaúbas
Grande mestre, professor

Seesenta e um, três de julho
O poeta a declamar
Poema ao 2 de Julho
Sua verve a consagrar
O Poeta dos Escravos
Poesia a libertar

Dr. Antônio J. Alves
Busca o amor novamente
Maria Ramos Guimarães
Para cuidar da semente
Antônio e José Antônio
Tem Recife pela frente

No ano sessenta e dois
Vinte e cinco de janeiro
Partiu lá para o Recife
Nosso poeta altaneiro
Na Veneza brasileira
Faz-se vate guerrilheiro

E no Jornal do Recife:
Poema a Jerusalém
Versos arrebatadores
A poesia do além
Poeta crítico altaneiro
Além do mal e do bem

Surge Eugênia Câmara
Teatro Santa Isabel
Nasce o vate repentista
Vigoroso menestrel
O amor que queima a alma
Como fogo no papel

A Canção do Africano
Publica em A Primavera
Ano sessenta e três
Canto de uma quimera
Poeta abolicionista
Construtor da nova era

Eugênia Câmara em lance
Início de uma paixão
O poema Meu Segredo
Germina do coração
Sofre uma hemoptise
Sangue que vem do pulmão

Primeiro ano jurídico
Após a morte do irmão
O Futuro ele redige
Arte de depuração
Poesia toma forma
Na luta da abolição

O seu “Mocidade e Morte”
Poesia de primeira
O Tísico ele escreve
Poesia na dianteira
Sofre muito com o pulmão
Dor profunda e verdadeira

Interrompeu os estudos
Volta para Salvador
Início de tuberculose
Sofre o poeta do amor
Tem o curso interrompido
Nosso vate sedutor

Ao Recife ele retorna
Com o Fagundes Varela
Castro Alves condoreiro
Poeta de uma vida bela
Apesar do sofrimento
Fez boa poesia pra ela

Logo à lida retornou

Ao Recife pra estudar
Segundo ano jurídico
CastroAlves vai cursar
Sociedade abolicionista
Pra escravidão acabar

Declamou O Século
Sessão comemorativa
Amante de Idalina
Vida sensual…ativa
Sofria com a escravidão
Da plebe negra cativa

Cria com o Rui Barbosa
Núcleo pela abolição
Com Regueira e Plínio Lima
Companheiros de ação
O Poeta dos Escravos
Queria a libertação

Lança o jornal A Luz
Ilumina o ambiente
Com o Tobias Barreto
Polemiza no repente
O conflito das ideias
Faz germinar a semente

Compõe Horas de Martírio
Na cela de um convento
Lá fez o seu habitat
Transmutou o sentimento
Navegante do eterno
Luminar de um movimento

Declamação de Pedro Ivo
Teatro Santa Isabel
Poesia diamantina
Do famoso menestrel
Castro Alves precursor
Do repente e do cordel

Amante de Eugênia Câmara
Teatrólogo – tradutor
Cultivou a sua dama
Com poesia e fervor
Traduziu duas peças
Dramaturgo de valor

Poesia de indignação
Divulga em O Tribuno
Versos O Povo no Poder
Impressões de um aluno
Ativista libertário
Feito Giordano Bruno

Conclui o drama Gonzaga
Ou Revolução de Minas
No povoado do Barro
Poesias repentinas
É nome reconhecido
Pelas plagas nordestinas

Na Rua do Imperador
Dirigiu-se à multidão
Crítica à arbitrariedade
Do sistema da opressão
Torres Portugal espancado
Protesto da população

No Teatro Santa Isabel
Do Gonzaga fez leitura
Círculo de intelectuais
Amor à literatura
Arte com admiração
Castro Alves se estrutura

No ano sessenta e sete
Volta para Salvador
Deixa de vez o Recife
Com Eugênia…grande amor
Retorna à boa terra
Bahia de Nosso Senhor

Se instala na Bahia
Tem uma peça aprovada
Recital ao 2 de Julho
Em cena ovacionada
No Teatro São João
Tem poesia declamada

Já no Livro e a América
Por Eugênia recitado
Em benefício do Grêmio
Com sucesso renovado
O poeta Castro Alves
Tem o seu nome elevado

Estreia peça Gonzaga
Dia de consagração
O poeta é carregado
Com louvor e devoção
Coroado pelo povo
Como às da criação

Apresentações do drama
O poeta é coroado
Gonzaga lhe traz a glória
Muito bem representado
Castro Alves cria fama
Pelo povo é respeitado

Após o drama Gonzaga
Dedica-se a escrever
Sub Tegmini Fage
Os Escravos a tecer
Na chácara Boa Vista
Vai com Eugênia conviver

Produz várias poesias
Vai ao Rio de Janeiro
Na companhia de Eugênia
Vai cantar noutro terreiro
Da Bahia para o Rio
Em 8 de Fevereiro.

Na Capital do Brasil
Vai a José de Alencar
Lê Gonzaga e seus poemas
Ao escritor popular
O criador de Iracema
Soube bem recomendar

Diário Rio de Janeiro
Gonzaga, apresentação
Jornalistas e letrados
E notáveis da Nação
É consagrado no Rio
No calor da emoção

Alencar recomendou
Foi ouvido por Machado
Que leu a peça e poemas
Com aplauso no seu brado
Machado de Assis gostou
E demonstrou seu agrado

Castro Alves fez sucesso
No Rio glorificado
Banquete de alto nível
Seu nome homenageado
Por Emílo Zaluar
E pelo poetariado

Pesadelo de Humaitá
Recita à multidão
Na sacada do Diário
Toca a população
O poeta Castro Alves
Alquimista da paixão

Levou o povo ao delírio
Despertou o sentimento
Coração estudantil
Alma em voo no firmamento
Militante da poesia
Nas ondas do movimento

Viajou para São Paulo
Com Eugênia e Rui Barbosa
Terceiro ano jurídico
Muita poesia e glosa
Sábio segredo do verso
E o mistério da rosa

O Livro e a América fala
Faz o bom congraçamento
Sua estreia em São Paulo
No calor do movimento
Jurídico e literário
Promoveu o seu talento

No Teatro São José
Triunfa em declamação
Segundo Joaquim Nabuco
Testemunha da ação
Sua Ode ao 2 de Julho
Recebeu aclamação

Com o poema Pedro Ivo
Exalta a abolição
Prenuncia a República
Com fervor no coração
Paulicéia desvairada
Fez sua Revoolução

Para o José Bonifácio
Recita O Navio Negreiro
Triunfa em sessão magna
Com ares de condoreiro
Prega contra a escravidão
Pede o fim do cativeiro

O Gonzaga faz sucesso
No Teatro São José
Poeta glorificado
Escritor de muita fé
Castro Alves luminoso
Na boa terra do café

Nos seus atos escolares
O vate foi aprovado
Fez sucesso com poesia
Na escola, respeitado
Por todos reconhecido
Que gostavam de seu brado

Dia 11 de Novembro
Um fato de desagrado
Dizem que numa caçada
Um tiro foi disparado
Com uma bala na perna
Castro Alves foi baleado

É um fato muito estranho
Que não dá pra entender
Foi um ato complicado
Não dá pra compreender
É uma história esquisita
Que é preciso esclarecer

No Quarto Ano jurídico
Começa a se dedicar
Com o problema no pé
Agrava a dor pulmonar
Já mais fraco combalido
Não pode mais estudar

Tem a saúde abalada
Vai pro Rio de Janeiro
Luís Cornélio dos Santos
Apoia o vate condoreiro
Começa o sofrimento
Do gigante brasileiro

Teve seu pé amputado
Na mesa de operação
Não pegou anestesia
Muita dor e emoção
Para dominar os nervos
Gracejou seu coração

“Corte-o, doutor”, sobre o pé.
O poeta proferiu
Eu “Terei menos matéria”
Castro Alves só sorriu
Mesmo com a imensa dor
O escritor não desistiu

Teatro Fênix Dramática
Com Eugênia encontrou
Um ano da ruptura
Castro Alves conformou
Despediu-se de Eugênia
Para sua terra embarcou

Foi embora pra Bahia
Terra de São Salvador
Segue para Curralinho
Nas terras do interior
Rumou para Itaberaba
Na reconquista do amor

No sertão renasce o vate
Vive sonho matutino
Com amor e platonismo
Pelo sertão diamantino
Sonha com a bela Nídia
Novo amor em seu destino

Por seis meses no Sertão
Chapada Diamantina
Fazenda Santa Isabel
É terra de gente fina
Retornou a Salvador
Para mudar sua rotina

Retornou pra Salvador
Encontra admiradores
Cachoeira Paulo Afonso
E declama com fervores
Foi Poeta dos Escravos
Com versos libertadores

Lança Espumas Flutuantes
Expressão do sentimento
Obra-prima de um mestre
E gênio de um movimento
Estrela do Romantismo
Tão social pensamento

Agnèse Trinci Murri
A sua nova inspiração
Sente-se arrebatado
Em enlevo da emoção
Com poesia “A Violeta”
Transparece sua paixão

Recitou a última vez
No dia 10 de Fevereiro
Foi seu último ato público
Do romântico luzeiro
A nossa expressão maior
Vateterno condoreiro

Na noite de São João
Agravou-se o sofrimento
Sangrou com o Mal do Século
No seu ser padecimento
Expirou em 6 de Julho
Navegou pro firmamento

Informou Radar da Literatura com Gustavo Dourado – 14/03/2024

Biografia de Castro Alves, por Dilva Frazão, biblioteconomista e professora

Castro Alves (1847-1871) foi um poeta brasileiro, representante da Terceira Geração Romântica no Brasil. “O Poeta dos Escravos” expressou em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo. É patrono da cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Letras.

Infância e juventude

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na vila de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, Bahia, em 14 de março de 1847. Era filho de Antônio José Alves, médico e também professor, e de Clélia Brasília da Silva Castro.

Em 1854, sua família mudou-se para Salvador, pois seu pai foi convidado para lecionar na Faculdade de Medicina. Em 1858 ingressou no Ginásio Baiano onde foi colega de Rui Barbosa.

Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1859 perdeu sua mãe. No dia 9 de setembro de 1860, com 13 anos, recitou sua primeira poesia em público em uma festa na escola.

No dia 24 de janeiro de 1862, seu pai se casa com a viúva Maria Ramos Guimarães. No dia 25, o casal, o poeta e seu irmão José Antônio partem no vapor Oiapoque para a cidade do Recife onde o jovem iria fazer os preparatórios para ingressar na Faculdade de Direito. 

A Faculdade de Direito e as Ideias Abolicionistas

Castro Alves chegou ao Recife numa época em que a capital pernambucana efervescia com os ideais abolicionistas e republicanas. Cinco meses depois de chegar, publicou o poema “A Destruição de Jerusalém”, no Jornal do Recife, recebendo muitos elogios. Na tentativa de entrar na Faculdade de Direito, Castro Alves foi reprovado duas vezes. 

No Teatro Santa Isabel, que se tornou quase um prolongamento da faculdade, realizavam-se verdadeiros torneios entre os estudantes. Nesse ambiente, em março de 1863, durante uma apresentação da peça Dalila, de Octave Feuillet, Castro Alves se encanta com a atriz Eugênia Câmara.

Em 17 de maio publica no jornal “A Primavera”, sua primeira poesia sobre a escravidão:

Lá na última senzala, 
Sentado na estreita sala, 
Junto ao braseiro, no chão, 
Entoa o escravo seu canto 
E ao cantar correm-lhe em pranto 
Saudades do seu torrão.

Um mês depois, enquanto escrevia uma poesia para Eugênia, os sintomas da tuberculose começaram a aparecer. Em 1864 morre seu irmão. Mesmo abalado, é finalmente aprovado no curso de Direito.

Castro Alves participa ativamente da vida estudantil e literária. Publica suas poesias no jornal “O Futuro”. No 4.º número, publica uma sátira à academia e aos estudos jurídicos.

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A doença e o caso de amor

No dia 7 de outubro, prova o gosto da morte. Uma dor no peito e uma tosse incontrolável o faz lembrar, da mãe e dos poetas que morreram com a doença. No ímpeto, escreve “Mocidade e Morte”.

Nesse mesmo ano, volta para a Bahia, faltando aos exames e perdendo o ano na faculdade. Em Salvador, na casa da Rua do Sodré procura repousar. Em março de 1865 ele retorna ao Recife e ao curso de Direito. Isolado no bairro de Santo Amaro, vive com a misteriosa Idalina.

Ao visitar o amigo Maciel Pinheiro, condenado à prisão escolar, no térreo do Colégio das Artes, por haver criticado a academia em um artigo no Diário de Pernambuco, escreve o poema “Pedro Ivo”, exaltando o revolucionário da Praieira e o ideal republicano:

República!… Voo ousado/ Do homem feito condor! Novamente a palavra o condor aparece em sua poesia, simbolizando a liberdade. Mais tarde, foi chamado de Poeta Condoreiro.

No dia 11 de agosto de 1865, na abertura solene das aulas, a sociedade pernambucana se reunia no salão nobre da faculdade para ouvir os discursos e saudações das autoridades, professores e alunos.

Castro Alves é um deles: “Quebre-se o cetro do Papa,/ Faça-se dele uma cruz!/ A púrpura sirva ao povo/ Para cobrir os ombros nus. (…)”. Os mais velhos olhavam admirados e os mais jovens deliravam.

No dia 23 de janeiro de 1866 morre seu pai, deixando cinco filhos menores de 14 anos. A responsabilidade ficou com a viúva e com Castro Alves, agora com 19 anos.

Nessa época, Castro Alves inicia um intenso caso de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele. Em 1867 partem para a Bahia, onde ela iria representar um drama em prosa, escrito por ele “O Gonzaga ou a Revolução de Minas”.

Em seguida, Castro Alves parte para o Rio de Janeiro onde conhece Machado de Assis, que o ajuda a ingressar nos meios literários. Em seguida, vai para São Paulo e conclui o Curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.

Em 1868 rompe com Eugênia. De férias, numa caçada nos bosques da Lapa, fere o pé esquerdo com um tiro de espingarda, resultando na amputação do pé. Em 1870 volta para Salvador onde publica Espumas Flutuantes, único livro editado em vida, onde apresenta uma poesia lírica, exaltando o amor sensual e a natureza, como no poema Boa Noite.

Boa-noite

Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio…
Boa noite, Maria! É tarde… é tarde…
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite!… E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos…
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?… pois foi mentira…
…Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d’alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d’alvorada:
“É noite ainda em teu cabelo preto…”

É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua…

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas…
– São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos…
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora…
Marion! Marion!… É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!…

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo…
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa noite! –, formosa Consuelo…

Castro Alves faleceu em Salvador, no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose, com apenas 24 anos de idade.

Características da Obra de Castro Alves

Castro Alves é a maior figura do Romantismo. Desenvolveu uma poesia sensível aos problemas sociais de seu tempo e defendeu as grandes causas da liberdade e da justiça.

Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproximava do Realismo. Sua poesia era como um grito explosivo a favor dos negros, sendo por isso denominado “O Poeta dos Escravos”.

Sua poesia é classificada como “Poesia Social”, que aborda o tema do inconformismo e da abolição da escravatura, através da inspiração épica e da linguagem ousada e dramática como nos poemas: Vozes d’África e Navios Negreiros, da obra Os Escravos (1883), que ficou inacabada.

      Navios Negreiros

IV

Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!…”

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
        Faz doudas espirais…
Qual um sonho dantesco as sombras voam!…
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
        E ri-se Satanás!… 

Com “Poeta do Amor” ou “Poeta Lírico”, a mulher não aparece distante, sonhadora, intocada como em outros românticos, mas uma mulher real e sensual. Foi também o “Poeta da Natureza”, como se observa nos versos de “No Baile na Flor” e “Crepúsculo Sertanejo”, onde enaltece a noite e o Sol, como símbolos da esperança e liberdade.

Poesias de Castro Alves

  • A Canção do Africano
  • A Cachoeira de Paulo Afonso
  • A Cruz da Estrada
  • Adormecida
  • Amar e Ser Amado
  • Amemos! Dama Negra
  • As Duas Flores
  • Espumas Flutuantes
  • Hinos do Equador
  • Minhas Saudades
  • O “Adeus” de Teresa
  • O Coração
  • O Laço de Fita
  • O Navio Negreiro
  • Ode ao Dois de Julho
  • Os Anjos da Meia Noite
  • Vozes d’África

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fonte:

Gama Cidadão/ebiografia

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