No Gama, dono de escola infantil é condenado a 23 anos por estuprar afilhada
O empresário Paulo Magalhães de Araújo, 58 anos, foi condenado a 23 anos e quatro meses de prisão por estupro de vulnerável contra a afilhada, uma criança de 5 anos à época dos fatos. O acusado era dono de uma escola infantil no Gama e teria praticado o crime diversas vezes na instituição de ensino, onde a vítima estudava, entre 2010 e 2014.
Os abusos ocorriam na sala de ferramentas, na brinquedoteca e no banheiro feminino da escola. A vítima relatou que o padrinho a pedia para sentar em um banco e fazia sexo oral na criança. Depois, beijava a boca da menina e a mandava deixar o local. O réu também teria abusado da afilhada na casa das avós materna e paterna da vítima.
À Justiça, ele negou todas as acusações e disse que toda a escola é monitorada. Além disso, alegou que o quarto de ferramentas fica embaixo de uma escada, em frente à brinquedoteca, e que não haveria espaço para colocar uma cadeira.
O empresário afirmou que a vítima teria inventado os fatos para não apanhar da mãe e que frequentava a escola raramente, para abrir o colégio. Depois, ia embora.
A vítima disse não saber a quantidade de vezes que os fatos se passaram, mas que ocorreram durante praticamente toda a infância, quando estudava na escola do acusado.
Avaliação judicial
Na condenação em primeira instância, o juiz levou em consideração a “análise e a valoração de todos os documentos juntados aos autos e dos depoimentos colhidos na fase policial, confrontados com a prova oral coletada em juízo, sobretudo pelas declarações consistentes e seguras prestadas pela vítima”.
“Resta evidente um conjunto probatório coerente e harmônico entre si, conjunto probatório esse suficiente para apontar o ora acusado como autor dos fatos ocorridos nesse período […]. Delitos contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes normalmente são praticados na clandestinidade, por razões óbvias”, diz a decisão, da qual cabe recurso.
A sentença é do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Gama. O acusado não foi preso, mas está proibido de sair do país.
Atualmente, a vítima tem 16 anos. Segundo ela, os abusos ocorreram dos 5 aos 10 anos de idade, período em que frequentou a escola. Depois, quando a menina fez 13 anos, ela relata que o empresário tentou se reaproximar.
A vítima somente contou à mãe recentemente porque não estava conseguindo se relacionar. A mãe buscou ajuda com um psicólogo, registrou o caso no Conselho Tutelar do Gama e na 20º Delegacia de Polícia do Distrito Federal.
Conforme o processo, após o atendimento com o psicólogo, não restaram dúvidas sobre o crime.
“Os fatos relatados pela menina aconteceram, pois ela contava com riqueza de detalhes e de forma que não parecia que era invenção”, diz o relatório do psicólogo.
O relatório psicológico aponta que a vítima, hoje adolescente, tem “sequelas psicológicas”, e que não consegue se envolver com ninguém, além de sofrer de ansiedade e estar “mais retraída”.
No processo consta ainda que uma filha do empresário pediu à mãe da vítima para “deixar a escola de fora”. A mulher entendeu que “ela estava desestimulando a prosseguir com o processo”.
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