Deputado Izalci na mira da Justiça

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a condenação do deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF) por omissão de informação na prestação de contas eleitoral referente à campanha de 2006 para a Câmara federal.

O deputado Izalci afirmou que os cheques nominais de doação têm recibos e estão prestação, que os cheques colocados no processo como sendo dele são ao portador, não nominal. Ele diz que há informações diferentes no canhoto do cheque, nas cópias e na planilha. Segundo o parlamentar, a empresa citada fez doação a diversos candidatos, que concorreram a vários cargos no pleito, e que nenhum deles foi processado ou condenado.

“As pessoas foram ouvidas no processo no MP, ouviram todos os funcionários da empresa, os donos, o contador, quem fez a prestação. Todos negaram que houve repasse. Todos disseram que não tinham conhecimento nenhum de repasse. Os valores desses cheques, somados, tem menos, ou quase a metade do que fiz de doação própria. Se acaso tivesse recebido os cheques , não faria diferença”, diz Izalci.

A ação penal contra o deputado foi recebida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em junho de 2014. Em defesa prévia, o parlamentar negou recebimento de recursos sem origem comprovada e sem emissão de recibos.

Em documento apresentado ao Supremo, Janot apresentou alegações finais (última manifestação da Procuradoria antes do julgamento de uma ação) e reiterou denúncia contra o parlamentar pelo crime previsto no artigo 350 do Código Eleitoral, que pode levar à pena de até cinco anos de prisão e multa.

O procurador destaca que, na declaração apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), o parlamentar informou que a empresa Sapiens Tecnologia da Informação doou R$ 150 mil à campanha, mas após mandado de busca e apreensão na companhia, foram obtidos documentos que comprovaram a doação de R$ 450 mil por meio de 11 cheques – em somente três cheques há registro de recibo eleitoral.

Essa apreensão ocorreu na Operação Mega Byte, que apurou fraudes em contratos de informática com o governo do Distrito Federal.

“O cotejo entre os documentos apreendidos e a prestação de contas do então candidato a deputado federal Izalci Lucas Ferreira comprova que do montante acima descrito somente foram declarados à Justiça Eleitoral os valores constantes nos recibos 25000054274, 25000054278 e 25000054284, correspondentes a R$ 150 mil. Vale dizer que o denunciado omitiu na prestação de contas eleitoral a doação de R$ 300 mil realizada pela empresa Sapiens”, afirma o procurador.

Agora que a Procuradoria entregou alegações finais, o réu será intimado para apresentar a defesa final e o parlamentar poderá ser julgado pelo Supremo, que decidirá se ele será condenado ou absolvido.

“A omissão de recursos arrecadados em prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral possui inegável finalidade eleitoral. […] A correta prestação de contas tem por finalidade assegurar a observância de importante vetor constitucional: a proteção da normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico”, diz Janot. (G1 DF)

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