Autoridades americanas não revelam se dados telefônicos de Obama são coletados

Uma autoridade americana reconheceu nesta segunda-feira que a Agência de Segurança Nacional (NSA) provavelmente espiona as comunicações dos congressistas, mas se negou a afirmar se essas práticas também atingem o presidente Barack Obama.

A revelação aconteceu durante uma audiência sobre o andamento das reformas no programa de coleta de dados da agência, iniciadas em razão das revelações feitas por seu ex-técnico Edward Snowden.

O procurador-geral adjunto James Cole, falando na Comissão Judicial da Câmara dos Deputados, hesitou quando foi perguntado se a NSA coleta os números e sobre a hora e a duração das ligações feitas pelos membros do Congresso e funcionários do governo.

O deputado Darrel Issa, um republicano conhecido por ser um forte crítico da Casa Branca, perguntou especificamente se o programa coletava dados dos telefones usados pelos congressistas em seus escritórios.

“Sem ser específico, provavelmente nós fazemos isso”, respondeu Cole.

Issa perguntou, então, se as ligações do presidente também eram monitoradas. Cole não respondeu, mas disse que daria uma resposta a Issa posteriormente.

Essa audiência acontece em meio a uma crescente preocupação acerca da vigilância da NSA.

Membros da reunião advertiram o governo sobre a urgência em aplicar a reforma anunciada ´por Obama, sob o risco de a agência perder a autoridade para continuar com essas atividades.

O deputado James Sensenbrenner, um dos principais autores da lei posterior aos ataques de 11 de setembro de 2001, declarou estar “chocado” com a forma como essa lei tinha sido usada para justificar a espionagem das comunicações telefônicas.

“Se esse programa de coleta de dados tivesse sido debatido no Congresso, nunca teria sido aprovado”, afirmou o republicano.

O artigo da lei usado para legitimar o programa expira em junho de 2015 e, com a oposição de congressistas de ambos os partidos, Sensenbrenner e outros sugerem que ele não será prolongado.

Outro deputado, o democrata John Conyers, pareceu compartilhar essa visão, e assegurou que haverá cada vez mais “consenso em relação à ineficácia desse programa de coleta de dados”, apesar de admitir que esse artigo representa uma “valiosa ferramenta de luta contra o terrorismo”.

No mês passado, Obama declarou que seu governo considerava reformar o programa, deixando o armazenamento de dados para as companhias telefônicas ou terceiros.

Mesmo assim, o presidente da Comissão Judicial, Bob Googlatte, advertiu que essa decisão poderia “suscitar mais preocupações em relação à privacidade do que resolvê-las”, e impedir os esforços da inteligência para evitar casos de terrorismo. Mas pediu por uma ação rápida na reforma da NSA. (AFP)

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