Atualidade BRICS tenta se aproximar da América do Su

Os líderes das potências emergentes do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem nesta quinta-feira com os presidentes sul-americanos, tentando se aproximar mais de uma região produtora de alimentos e commodities, rica em petróleo e gás, e tradicionalmente crítica em relação à hegemonia de Estados Unidos e Europa.

A reunião das cinco nações emergentes com os países da América do Sul busca ampliar a relação do grupo com países em desenvolvimento, como aconteceu no ano passado na África, quando chefes de Estado africanos foram convidados para a cúpula, explicou o sub-secretário político do Itamaraty, José Alfredo Graça Lima.

“O Brasil, como os outros países do BRICS, pode mostrar a liderança na sua região, mas, ao mesmo tempo, tem que explicar a seus vizinhos como a liderança pode beneficiá-los”, disse à AFP Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas.

“É uma oportunidade para o Brasil mostrar que não só dá importância ao BRICS, como também aposta na integração e nos benefícios para a região”, completou.

Os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff; da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Jacob Zuma, além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, se reuniram com um grande número de presidentes da América do Sul, entre eles o da Venezuela, Nicolás Maduro; do Equador, Rafael Correa; Chile, Michelle Bachelet; da Argentina, Cristina Kirchner e da Colômbia, Juan Manuel Santos.

O BRICS realizou sua reunião anual de cúpula nesta quarta-feira em Fortaleza, e aprovaram a criação de um Novo Banco de Desenvolvimento com capital de 50 bilhões de dólares para financiar infraestruturas.

A nova instituição pretende cobrir uma carência de disponibilidade de financiamento internacional para obras vitais nos países em desenvolvimento, com grandes deficiências nessa área.

O BRICS também aprovou um acordo que coloca à disposição 100 bilhões de suas reservas internacionais no caso de crise em um desses países.

“Temos um olhar generoso para os países em desenvolvimento”, disse Dilma. A presidente foi questionada se essas instituições poderiam ajudar países em desenvolvimento, como a Argentina, e afirmou que ainda não se definiu como funcionariam os empréstimos a países de fora do BRICS.

 

O porta-voz do governo argentino, Jorge Capitanich, elogiou a criação do banco: “Precisamos de bancos de desenvolvimento que se firmem como ferramentas para o financiamento de obras de infraestrutura, para aumentar a competitividade, e não como um instrumento extorsivo dos países mais desenvolvidos”, disse.

Um dos grandes desafios do mundo em desenvolvimento é a aplicação da infraestrutura: são grandes obras como rodovias, ferrovias, hidrelétricas, portos.

O presidente russo, Vladmir Putin, ressaltou, em uma entrevista à agência de notícias Prensa Latina, que a Rússia está interessada “em criar alianças plenas, tecnológicas” com a América Latina, nos setores de petróleo e gás, hidroenergia e energia nuclear, construção de aviões e biofarmacêutica.

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, explicou em Brasília durante uma visita preparatória no final de abril que a China pretende investir mais na região, principalmente em infraestrutura, e assegurou que esses investimentos têm um grande potencial de crescer, já que, dos 90 bilhões que a China investiu no exterior, apenas 16,5 bilhões dólares foram destinados à região.

A China compete com os Estados Unidos pela liderança comercial na região. É o segundo parceiro comercial de vários países, e o primeiro do Brasil há cinco anos.

Nesta quinta-feira, um dia depois da reunião dos sul-americanos e do BRICS, também em Brasília, será lançado no foro China-América Latina. Para a ocasião, é esperada a presença do presidente cubano, Raúl Castro, integrante do quarteto que lidera a Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac).

O evento é importante para o presidente russo, já que a visita à região pode permitir a Putin conseguir apoio para seu país, cada vez mais isolado pela comunidade internacional e pelo G8, em resposta à crise da Ucrânia.

Kiev, EUA e Europa acusam Moscou de armar e financiar os separatistas pró-russos do leste da Ucrânia, que travam intensos combates com as forças de segurança ucranianas. (AFP)

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