Política
A despeito do fracasso das manifestações marcadas para ontem em todo o País, a maioria dos brasilienses continuam a sonhar com a presidente Dilma Rousseff fora do poder. Pesquisa do Instituto Exata de Opinião Pública (Exata OP), obtida com exclusividade pelo Jornal de Brasília, mostra que 67,2% são favoráveis ao impeachment, enquanto 30,3% dos entrevistados são contrários. Apenas 2,5% não souberam responder.
Embora o número represente a grande maioria dos entrevistados, a pesquisa mostra um recuo dos favoráveis à saída de Dilma. Em julho deste ano, quando o processo de impeachment ainda não havia sido instalado, o Instituto Exata foi às ruas fazer a mesma pergunta aos brasilienses. E registrou que os favoráveis somavam 75% e os contrários eram apenas 22%.
A variação, na avaliação do instituto, se deve à confusão política gerada pelas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aceitou instalar o processo de impeachment no mesmo dia em que deputados do PT anunciaram que votariam contra o peemedebista no Conselho de Ètica da Câmara.
Prova disso é que 59% dos entrevistados responderam que não gostariam que Eduardo Cunha conduzisse o processo de impeachment no Congresso Nacional. Outros 37% disseram “sim” e 4% não souberam responder.
Mais jovens são maioria
Os números mostram que os mais jovens são mais favoráveis ao impeachment. Os índices dos que querem a saída de Dilma variam de 75% entre os mais jovens, baixando até 50% na faixa acima dos 60 anos.
A rejeição à primeira mulher presidente do Brasil é equilibrada entre homens e mulheres. Das pessoas ouvidas na pesquisa, 67% dos homens foram favoráveis ao impeachment, enquanto 68% das mulheres deram a mesma resposta. Os contrários somam 30%, tanto de homens quanto de mulheres.
Números da pesquisa
A pesquisa ouviu 600 pessoas em Brasília no dia 11 de dezembro.
Dos entrevistados, 52% eram mulheres e 48%, homens.
Metade deles pertencem à classe D e a maioria – 29,6% – têm entre 16 e 26 anos.
Pense nisso
Quando o processo de impeachment era apenas uma possibilidade, o número de favoráveis à saída da presidente Dilma Rousseff do Palácio do Planalto era maior. Quando o processo se torna real e, principalmente, quando ele nasce capitaneado pelo controverso Eduardo Cunha, os entrevistados recuam. O momento político desfavorável ao presidente da Câmara o descredencia severamente. Principalmente quando ele decide apertar o “play” no mesmo dia em que foi contrariado pelo partido da presidente.
Michel Temer já sofre contágio
A confusão política fica clara também na terceira avaliação feita pelo Instituto Exata neste levantamento. Embora seja o caminho natural caso ocorra o afastamento da presidente petista, a maioria dos entrevistados – 53% – respondeu que o vice Michel Temer não deveria assumir a Presidência da República, caso o Congresso Nacional decida pela saída de Dilma do Palácio do Planalto.
Divulgada há uma semana, uma carta em que o vice-presidente Michel Temer apresenta uma série de lamentações a Dilma deixa claro o rompimento dele com a aliada. O PMDB, partido também de Eduardo Cunha, já teria, inclusive, um plano para governar para o País. Os petistas insistem que o partido – junto com a oposição – trama um golpe contra o governo petista.
Estratégia alcançada
A tentativa de descolar a imagem do partido da gestão petista parece ter surtido efeito, embora os entrevistados ouvidos rejeitem o nome dele para ser o presidente do Brasil. A maioria dos entrevistados ouvidos – 41% – acredita que o País seja melhor governado pelo vice-presidente peemedebista. Enquanto 25% disseram acreditar que Dilma Rousseff seria melhor para o País. Entre as pessoas ouvidas na capital federal, 34% não souberam responder.
Os mais velhos – com mais de 60 anos, de acordo com a pesquisa, apostam que Temer seja melhor presidente. Entre os que apostam em Dilma, a maioria tem de 49 a 59 anos.
Fonte: JBr