OSCE confirma libertação de observadores no leste da Ucrânia

A OSCE confirmou a libertação de seus observadores na cidade de Slaviansk, no leste da Ucrânia, enquanto a Rússia considerou absurda a realização da eleição presidencial antecipada nesse país, prevista para o dia 25 de maio.

“É evidente que, sob a Constituição atual, em meio a operações militares, a um ataque punitivo e a assassinatos em massa, é no mínimo absurdo falar de eleições”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, neste sábado.

Segundo ele, a Rússia não sabe ainda como reagir à crise na Ucrânia, onde a violência atingiu novos patamares na sexta-feira, com confrontos e o incêndio criminoso em Odessa (sul), que deixaram 42 mortos, de acordo com o último registro oficial.

“Em Odessa, pessoas desarmadas foram queimadas vivas ontem”, indicou o porta-voz do Kremlin.

“Nós, infelizmente, não podemos expressar nossas condolências às autoridades de Kiev, já que as autoridades de Kiev não existem como tais”, acrescentou.

A Presidência russa também advertiu que Moscou não é mais capaz de reduzir o nível de tensão no leste da Ucrânia.

“A Rússia perdeu sua influência sobre (as milícias e pessoas armadas no sudeste) porque será impossível convencê-las a se desarmarem e impedir a resistência no contexto de ameaça direta à vida”, declarou Peskov.

Alguma horas antes, a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) confirmou a libertação de seus observadores que estavam em poder de militantes separatistas nessa região, e alertou para um novo agravamento da crise.

Didier Burkhalter, ministro suíço das Relações Exteriores e presidente em exercício da organização, manifestou em um comunicado sua satisfação, destacando o papel dos observadores civis da OSCE na solução do caso.

A OSCE havia confirmado rapidamente em um tuíte o anúncio da libertação feito pelo emissário russo Vladimir Lukin, mas apagou a mensagem ficando mais de duas horas sem se manifestar, o que suscitou dúvidas.

Burkhalter também expressou a preocupação com o “risco de deterioração rápida da situação no leste e no sul da Ucrânia”. “Esforços conjuntos devem ser feitos para deter a escalada e encontrar o caminho do diálogo”, acrescentou.

A situação é mais preocupante pelo fato de o presidente russo, Vladimir Putin, já ter conseguido, no início de março, o sinal verde do Parlamento para o envio de tropas à Ucrânia com o objetivo de proteger “as populações de língua russa” depois da queda do regime pró-Rússia de Kiev, no final de fevereiro.

Em 18 de março, o presidente russo anunciou a anexação da península da Crimeia ao território russo. Essa região fazia parte da Rússia ates de ser “oferecida” à Ucrânia soviética em 1954.

“Se Vladimir Putin não tivesse tomado essa posição clara, e se a população da Crimeia não tivesse votado pela reunificação à Rússia, um banho de sangue e crimes como os de sexta-feira teriam ocorrido na Crimeia”, afirmou neste sábado o porta-voz do Kremlin. (AFP)

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